Reajustes nos planos de saúde podem gerar um embate constante entre consumidores e empresas do setor. A questão ganha relevância quando tais ajustes são percebidos como abusivos, acarretando em desequilíbrio contratual. Sob essa ótica, é importante compreender os mecanismos que regem esses reajustes e os limites impostos pela norma consumerista.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) desempenha um papel crucial na regulação do setor, estabelecendo anualmente percentuais máximos para os reajustes dos planos de saúde caracterizados como individuais e familiares. No último exercício, o percentual máximo permitido foi de 9,63%.
Importante pontuar, porém, que mesmo nos casos de contratações empresariais, é possível questionar o percentual aplicado pelo plano, e para isso há diversos caminhos legais. No mundo jurídico, o importante é manter o equilíbrio contratual.
Estas limitações visam garantir a moderação e a previsibilidade nos aumentos, protegendo os consumidores contra práticas abusivas por parte das operadoras. Todavia, ainda assim, há empresas que praticam percentuais muito maiores que o permitido.
As operadoras de plano de saúde costumam justificar o referido aumento como forma de equilibrar os custos e garantir a manutenção do serviço prestado, chegando a afirmar, por vezes, que a prática está autorizada pela ANS – o que normalmente é mentira.
E assim, quando tais reajustes extrapolam os limites da razoabilidade e oneram excessivamente o usuário, surge o questionamento sobre sua legalidade e abusividade, trazendo ao consumidor o sentimento de indignação.
Nesse contexto, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) é claro ao prever que as cláusulas contratuais devem ser interpretadas de forma mais favorável ao consumidor, coibindo práticas abusivas por parte das empresas.
A partir desta interpretação, conjugada com as demais previsões legais sobre o tema, a jurisprudência brasileira tem reconhecido a abusividade de reajustes que não se embasem em critérios objetivos e transparentes, violando o princípio da boa-fé contratual. Decisões judiciais têm determinado a revisão de contratos e a restituição de valores pagos indevidamente pelos consumidores, fortalecendo a proteção dos direitos dos usuários.
Portanto, frente aos reajustes abusivos nos planos de saúde, é essencial que o consumidor conheça seus direitos e busque orientação jurídica especializada. A atuação do Poder Judiciário, aliada à observância dos preceitos do CDC e à regulação da ANS, representa uma importante salvaguarda contra práticas lesivas por parte das operadoras, assegurando a proteção dos direitos dos consumidores e a manutenção do equilíbrio contratual.