A primavera brasileira

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A primavera brasileira

Na manhã do dia 17 li o documento de 541 páginas do Commitee on the Judiciary da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Sem dúvida, estava diante da mais severa denúncia do que vem acontecendo, secretamente, nas entranhas do Judiciário brasileiro, onde mais de 150 brasileiros foram impedidos de manifestarem-se nas redes sociais e mais de 400 sofrerão as mesmas restrições, configurando insuportável violação da nossa lei constitucional.

Ao primeiro sentimento de nojo e repugnância com o que estava sendo feito à revelia do povo e das leis, me veio o que disse o filósofo revolucionário da independência dos Estados Unidos, Benjamim Franklin: “Aqueles que desejam tirar a liberdade de uma Nação começará atacando a liberdade de expressão”.

Foi preciso que a denúncia veemente nascesse dos americanos do norte, cujas crenças, desde os pais fundadores dos Estados Unidos, constituem os fundamentos de sua formidável força constitucional. O primeiro a se insurgir foi Elon Musk, o proprietário da plataforma X, inconformado com a evidente violação do princípio da liberdade de expressão, assegurado na nossa lei pátria e na lei americana, sucedido pelo bem fundamentado Relatório expedido pela Câmara dos Representantes do povo norte americano.

Longe de representar uma agressão à soberania nacional, o documento americano inaugura uma fase nova no debate político brasileiro. Distinto da polarização política entre petistas e bolsonaristas, tão conhecida de todos, estamos diante de um fato político rigorosamente inaugural, a menos que se rotule o pensamento e a ação política representada por Elon Musk e o Parlamento norte americano de um viés qualquer presente no debate brasileiro.

A imprensa velha do Brasil, temerosa que o debate político descambe para o seu leite natural e a Nação finalmente  desperte para a grande ameaça prevista por Benjamim Franklin, considerou as graves e comprovadas denúncias que conduzem o país à Ditadura, um ataque à nossa soberania, fazendo de  conta que o novo debate tem outra roupagem e não é inevitável. 

Rui Barbosa, nosso imortal civilista, já previra esta triste realidade, prolatando sobre a imprensa e o dever da verdade: “todos os regimes que descaem para o absolutismo vão entrando logo a contrair amizades suspeitas entre os jornais”. A premonição resiste aos tempos e remonta a 1942.

O que intriga em tudo isso que foi exposto e compõe a inevitável pergunta, até hoje sem uma resposta clara, contundente e final, é quem sustenta as ações autoritárias e inconstitucionais do Judiciário, especialmente do Ministro Alexandre de Morais ? Que força superior age no escurinho do cinema?

Alexandre de Morais parece agir guiado pelo poder divino da época do Rei Sol, Luís XIV. Porém, como sabemos o poder divino do Reis é coisa do passado. Mortinho. Ninguém mais acredita, é conto da carochinha!

Então, que poder é esse, que supomos, age atrás dos bastidores, como a Rainha má da época da Branca de Neve e os Sete Anões? Em tempos pretéritos, esse poder agiu às claras, fez e desfez, torturou, matou, mentiu e governou o país -como gostam os esquerdistas – para o formigueiro das grande empresas estatais. Refiro-me a conhecida  “vanguarda do atraso.”
Chegou a hora do levante. Pacífico como convém, como tem sido a autonomia das ruas, sem perder de vista o que nos aconselhou o provecto filósofo polonês: “nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem.”
 

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