A visibilidade na mídia social é muito importante visto que mostra como os “PCD´s” (pessoas com deficiência) podem levar uma vida bastante normal, quebrando a visão de extrema dificuldade e desconstruindo as pessoas em relação a essa total limitação que se imagina existir na vida desses deficientes, aquela aura de pessoa desaproveitada imposta pela sociedade em geral precisa ser apagada. 

    Sou Luiza Bauer e irei relatar um pouco nesse artigo a minha visão sobre o assunto com conhecimento de causa perante minha irmã, Cacai Bauer (Cailana Eduarda Bauer Lemos) que carrega o título de primeira influenciadora digital com Síndrome de Down do Brasil e provavelmente do mundo. Somos de Salvador (BA) e temos respectivamente 20 e 25 anos. O canal no Youtube e redes sociais de Cacai mostram seu cotidiano, além de vídeos divertidos como paródias, trollagens, tutoriais de maquiagem, daily vlogs e afins, “eu amo gravar vídeos engraçados e fazer tutoriais de maquiagem para os meus fãs” relata a youtuber, conteúdos como estes trazem bastante visualização por serem vídeos de interesse do seu público alvo. 

    É importante ressaltar que para além do entretenimento, o conteúdo da minha irmã consta com sua parte institucional, ou seja, ocorrem as participações e divulgações de projetos voltados para temas em prol a causa da pessoa com deficiência também, Cacai utiliza da influência que tem para fazer com que as pessoas enxerguem a importância dessas causas. No final do mês de Outubro (26), por exemplo, ela estava no Teleton 2019 que é transmitido pelo SBT e se trata de um projeto que tem como objetivo principal arrecadar uma quantidade de dinheiro, predefinido ou não, para distintas causas sociais, esse é apenas um dos muitos exemplos que temos de participações em projetos com os mesmos intuitos. 

    Nossa família é bastante ativa na produção de todo o material que se apresenta tanto nos vídeos do Youtube quanto nos posts das demais redes sociais de mais movimentação (Instagram e Facebook), desta forma, nossa mãe (Janaina Bauer), pai (Dalmo Lemos) e irmão (Caio Bauer), além de mim participamos disso de alguma forma. Jana por exemplo, ajuda na administração das redes sociais e na elaboração do roteiro juntamente com nosso pai, eu “empresto” minha voz nas paródias do canal cantando as músicas para que a Cacai duble já que eu canto (inclusive posto alguns vídeos de covers nas minhas redes sociais mas nada profissional), nosso irmão por sua vez é coadjuvante em alguns vídeos, principalmente os de comédia. “Minha família toda ajuda e eu amo isso porque a gente fica mais próximo, é muito legal” segundo Cacai.     

    Já houveram algumas aparições em canais de TV tanto regionais quanto nacionais, temos como exemplo o “Sabadão com Celso Portiolli” no SBT em 2016, toda nossa família foi convidada a participar de um quadro no programa de aproximadamente 1 hora e meia onde foi televisionado um pouco sobre a trajetória na mídia, pautas como o motivo pelo qual surgiu a ideia para se tornar uma pessoa de influência, além da presença de outros influenciadores como Isaac do Vine e Lucas Inutilismo, sem contar na participação de Cris Poli, especialista em educação e comportamento infantil, antiga babá apresentadora do reality show Super Nanny no SBT, programa este que já participamos em 2008, podemos falar de uma forma mais aprofundada sobre essa experiência em um conseguinte artigo. 

Atualmente, mais do que nunca, não devemos julgar suficiente apenas a acessibilidade do uso das mídias sociais para essas pessoas “atípicas” mas aceitar e entender que elas devem ser incluídas nisso produzindo conteúdo também, e é pensando desta forma que uma das falas mais repetidas de Cacai é “todos nós somos capazes, acreditem nos seus sonhos e não esqueçam que ser diferente é normal!”