Cólera na Bahia: infectologista alerta importância da higiene e destaca que bactéria pode ser transmitida em praias

Depois de 18 anos, o Brasil detectou um caso isolado da doença em Salvador

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FOTO: Divulgação

O primeiro caso local de cólera, em 18 anos, no Brasil, foi detectado em Salvador e divulgado no último domingo (21). A doença foi identificada em um homem de 60 anos, que apresentou desconforto abdominal e diarreia, mas já está curado. Ao Farol da Bahia, o infectologista Dr. Adriano Oliveira esclareceu que o caso registrado é isolado e não é considerado uma epidemia.

"Casos isolados de cólera podem acontecer. De longe, não é considerada uma epidemia, como aconteceu no passado. Por enquanto, é um caso isolado e a vigilância tem que ser mantida para descobrir se existem outros casos porque à medida que aumenta o número de casos, aumenta a chance de uma epidemia", explicou o especialista.

Por não ter sido infectado em outro país, já que o paciente não tinha viajado recentemente a locais com ocorrência de cólera, o caso é configurado como autóctone, quando a doença é natural da região em que se habita. Os últimos casos autóctones ocorreram em Pernambuco, entre 2004 e 2005.

Segundo o infectologista, a transmissão da doença é feita através de alimentos líquidos ingeridos contaminados com a bactéria, que posteriormente é defecada pelo indivíduo. À reportagem, ele reforçou a importância da higiene e de manter as mãos sempre limpas, principalmente após uso do banheiro.

"Cólera é higiene. Se você tem cólera em uma determinada população, isso significa que barreiras higiênicas foram quebradas", pontuou.

De acordo com o médico, a bactéria, conhecida como vibrio colérico, é resistente e capaz de sobreviver a água salgada. "É possível que esse paciente tenha se contaminado até mesmo em uma praia. Esgotos à céu aberto não deveriam existir porque facilitam a disseminação da bactéria", destacou.

O principal sintoma da cólera é a diarreia intensa e aquosa, que provoca a desidratação e dor abdominal ao paciente. Os idosos e crianças são os alvos mais vulneráveis da doença, conforme explica o especialista.

"A apresentação dela é uma diarreia muito intensa, por isso a desidratação pode ocorrer em questão de horas. Principalmente em idosos, que são muito vulneráveis já que a quantidade de líquidos que faz parte do corpo do idoso é menor. O idoso é tem entre 60% e 70% de água no corpo. As crianças também são muito vulneráveis, por causa do baixo peso corporal, e perder um litro de água para uma criança faz uma diferença muito grande, em comparação com um adulto, que não fica tão vulnerável", disse.

O tratamento da cólera se baseia em rápida reidratação, por meio da administração oral de líquidos, e antibióticos, em alguns casos. Contudo, o Dr. Adriano Oliveira enfatiza que a hidratação é a principal forma de tratar e curar a doença, que também pode provocar a morte.

"O paciente precisa ser muito bem hidratado porque todo o líquido retirado precisa ser reposto. É uma diarreia de curta duração, mas ela é muito intensa e mata por sua desidratação aguda. Por outro lado, o paciente também pode ser suscetível a inúmeros antibióticos que podem ser usados em conjunto com a hidratação. Se o paciente for bem hidratado, mesmo sem antibiótico ele sobrevive. Se o paciente receber antibiótico e não estiver bem hidratado, provavelmente não sobreviverá", finalizou.

Na segunda-feira (22), a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou, por meio de nota, que todas as medidas necessárias para a prevenção e controle, como análise da água, foram implementadas e que a situação está sendo monitorada. Segundo a publicação, o paciente também não transmite mais o agente desde o dia 10 de abril. 


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