83% dos alunos dizem prestar mais atenção nas aulas após restrição do celular nas escolas
Além disso, 60% deles relatam que as distrações e interrupções diminuíram.

Foto: Arquivo/EBC
A maioria dos estudantes, professores e diretores brasileiros avaliam que a proibição do uso de celulares nas escolas brasileiras, implantada desde o início deste ano, melhorou o ambiente escolar e as condições para a aprendizagem.
A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Frente Parlamentar Mista da Educação, em parceria com o Equidade.info, iniciativa do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education, nos Estados Unidos.
Segundo a pesquisa, 83% dos estudantes avaliam que estão prestando mais atenção nas aulas após a proibição do uso de celulares. Além disso, 60% deles relatam que as distrações e interrupções diminuíram.
Em 13 de janeiro deste ano, o presidente Lula (PT) sancionou lei que veta o uso dos aparelhos em unidades de ensino de todo país. A medida é válida para todas as etapas da educação básica.
A pesquisa ouviu 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores de escolas públicas municipais, estaduais e privadas de todas as regiões do país, entre maio e julho de 2025. A margem de erro para cada perfil entrevistado é, respectivamente, de 1,8, 5 e 6,6 pontos percentuais para mais ou para menos.
Os dados mostram que a percepção do impacto positivo na sala de aula é maior entre os alunos mais novos. Entre os que estão nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano), 88% disseram prestar mais atenção nas aulas e 89% afirmaram que seu comportamento está melhor.
Nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), as taxas caem para 77% e 85%, respectivamente. E, no ensino médio, caem para 70% e 76%.
Professores e diretores também demonstram ter uma percepção positiva da restrição do uso de celulares. Para 74% deles, os alunos têm prestado mais atenção nas aulas.
A pesquisa indica ainda que a ausência dos aparelhos trouxe novos desafios, já que 44% dos alunos disseram sentir mais tédio durante os intervalos e os recreios.
Esses números são mais elevados entre os estudantes dos anos iniciais (47%) e do período matutino (46%).
Além disso, 49% dos professores relataram aumento de ansiedade entre os alunos com a ausência do uso do celular.
Para Claudia Costin, presidente do Equidade.info, os dados mostram um avanço no foco e atenção dos estudantes, mas apontam para o desafio com os adolescentes.
"Identificamos que os desafios são maiores no ensino médio, onde a ansiedade e o tédio sem o celular são mais presentes. Houve uma queda significativa no bullying virtual na visão dos gestores, mas é crucial ouvirmos os estudantes que ainda sentem o problema. Ou seja, a conclusão é que a restrição foi positiva, mas sozinha não basta: as escolas precisam criar alternativas de interação e estratégias específicas para cada idade", afirma.