"A mim não cabe checar", diz Rui Costa em depoimento à PF sobre caso dos respiradores

Documentos em poder da CPI revelam golpes contra os cofres públicos na pandemia que pode chegar a R$ 4 bilhões

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FOTO: Paula Froes/Govba

Uma matéria divulgada pela Veja, nesta sexta-feira (23), revelou detalhes sobre processos sigilosos que apontam golpe contra cofres públicos de documentos que estão em posse da CPI. A Polícia Federal estima total desviado em R$ 4 bilhões. 

Documento mostra que empresa Hempcare Pharma, com apenas dois funcionários registrados, havia sido contratada por R$48 milhões para fornecer 300 respiradores ao Consórcio Nordeste. O contrato foi fechado pelo Whatsapp, a empresa foi paga de forma adianta e não entregou equipamentos que deveria fornecer aos 9 estados da região.

Rui Costa (PT-BA), que presidia Consórcio do Nordeste na época do acontecimento, é potencial alvo de investigações. "A mim não cabe checar. Você imagina, no dia de hoje, quantas compras devem ter sido feitas no estado, milhares”, disse o governador da Bahia em depoimento à Polícia Federal.

Segundo informações divulgadas pela VEJA, o acordo inicial previa a contratação de um seguro internacional para garantir a entrega da mercadoria, cláusula para proteger o comprador. No entanto, durante o processo, o contrato teria sido modificado. O seguro passou a valer apenas a partir do momento em que os respiradores deixassem a China, de onde seriam importados.

Fraudes ocorridas em outros estados também fazem parte de investigação do processo sigiloso no Supremo Tribunal de Justiça (STJ). No Pará, o governador Helder Barbalho (MDB) atua diretamente em negociações para compra dos equipamentos. Os desvios podem chegar em R$280 milhões. Esquema também envolve irregularidade em contratos para funcionamento de hospitais de campanha. 

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) é alvo de denúncia pela PGR por suspeita de superfaturamento na compra de respiradores. Lima é suspeito de participar de grupo criminosos que desviou mais de R$2,2 milhões.

A Controladoria-Geral da União já realizou mais de 50 operações para monitorar uso ilegal de recursos públicos federais por estados e  municípios. Dentre as irregularidades, estão empresas 'fantasmas', falsificação de documentos, direcionamento de licitação, superfaturamento e propina. 


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