Adoção por casais homoafetivos cresce mais de 240% em cinco anos no Brasil
Número de filhos com dois pais ou duas mães aumentou, mas mais de 5 mil crianças ainda aguardam por um lar

Foto: Reprodução/Canva Images
O Brasil tem atualmente 5.369 crianças e adolescentes à espera de adoção, segundo dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desde 2015, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união homoafetiva como núcleo familiar e autorizou a adoção por esses casais, o número de filhos criados por dois pais ou duas mães cresce a cada ano.
Entre 2019 e 2024, as adoções por casais formados por homens saltaram de 77 para 263, um aumento de 241,56%. Somente em 2024, até o fim de julho, 178 casais gays adotaram crianças ou adolescentes, alta de 29% em relação ao mesmo período do ano passado.
Quando consideradas também as adoções por casais formados por mulheres, o crescimento é ainda mais expressivo: o número triplicou em cinco anos, passando de 149 em 2019 para 458 em 2023.
A espera pela adoção persiste, mesmo com quase 33 mil pretendentes, devido à compatibilidade entre perfis das famílias e das crianças. Diferentemente dos casais heteronormativos, os casais gays tendem a adotar crianças mais velhas, negras e em grupos de irmãos, perfis que enfrentam mais dificuldades para serem acolhidos.
“Os casais que vivem à margem da sociedade, que foram marginalizados ‘dentro do armário’, procuram crianças que também estão nesse armário; são aquelas menos vistas”, explica Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).