Alzheimer já foi transmitido entre humanos através de procedimentos com hormônios
Estudo não encontrou evidências de que a doença seja transmissível na vida diária

Foto: Reprodução/Pixabay
Um estudo, publicado na Nature Medicine na segunda-feira (29), apresenta as primeiras evidências de transmissão de Alzheimer entre pessoas por meio de um hormônio do crescimento humano, cujo uso é proibido atualmente. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Os pesquisadores analisaram um pequeno grupo de pessoas que estava entre pelo menos 1.848 pacientes tratados entre 1959 e 1985 com um hormônio do crescimento extraído de cadáveres.
Algumas pessoas do grupo já tinham morrido devido ao distúrbio cerebral da doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), pois as infusões de hormônios continham proteínas infecciosas chamadas príons, causadoras de anomalias graves no cérebro. Os resultados indicam paralelos entre a evolução do Alzheimer e da DCJ, impulsionando potencialmente a pesquisa em diagnósticos e terapias para combater diversas formas de demência.
O estudo analisou oito pessoas que receberam hormônios quando crianças, mas não desenvolveram DCJ. Os cientistas descobriram que cinco desses pacientes apresentaram sintomas consistentes com o Alzheimer de início precoce.
“Nossas descobertas sugerem que o Alzheimer e algumas outras condições neurológicas juntas são processos de doença semelhantes à CJD”, disse John Collinge, autor principal da pesquisa e professor da University College London. “Isso pode ter implicações importantes para a compreensão e tratamento da doença de Alzheimer no futuro”, acrescentou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a demência afeta mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo. No estudo, os pesquisadores não encontraram evidências de que o Alzheimer seja transmissível na vida diária ou em cuidados médicos comuns.
As descobertas sugeriram que o tratamento com hormônio do crescimento dos pacientes havia sido contaminado com proteínas de um tipo conhecido como beta-amiloide.