AMB: Comitê pede que portaria que defende 'kit Covid' seja anulada
Entidade também critica 'erros de conduta e deslizes éticos' do Ministério da Saúde

Foto: Fernando Moreno / AGIF
O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 da Associação Médica Brasileira (AMB) emitiu uma nota de repúdio, nesta segunda-feira (24), pedindo a anulação da portaria do Ministério da Saúde que defende o chamado 'kit Covid'.
Segundo a entidade, a pasta rejeitou diretrizes da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec), que se posiciona contra o uso de medicamentos do kit, como a hidroxicloroquina, no tratamento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) com Covid-19.
Além disso, o comitê da AMB aponta que os argumentos apresentados na portaria, assinada pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto, “não têm a menor sustentação científica” e são “pontuações falaciosas”.
Ainda hoje, o partido Rede Sustentabilidade também ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da portaria e o afastamento do secretário.
Para recusar a recomendação da Conitec, no último dia 21, o Ministério da Saúde emitiu uma nota afirmando que as vacinas não demonstram segurança e efetividade, contrariando a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O comitê afirma que o comportamento da portaria em relação às vacinas “vai além em termos de completo desalinhamento científico”.
“Em uma tabela desastrosa tenta induzir erroneamente o entendimento que Hidroxicloroquina/Cloroquina (HCQ/CQC) tem comprovação de eficácia e é segura, e incrivelmente desacredita as vacinas contra Covid rotulando como sem efetividade e com dúvidas sobre a segurança”, afirma nota.
“Ao contrário do que diz a portaria da SCTIE/MS, no atual momento em janeiro de 2022 não há mais debate ou dúvidas científicas sobre a não eficácia de Hidroxicloroquina/Cloroquina (HCQ/CQC) e Ivermectina entre outras drogas em termos de benefícios clínicos à pacientes com Covid-19”, segue o Comitê, concluindo que “nenhuma sociedade médica brasileira ou instituição pública nacional ou internacional” recomenda o chamado "kit Covid" no tratamento da doença.