Anuário de Segurança Pública registra aumento de 14% dos negros nas prisões, em 15 anos
Proporção de brancos, no entanto, caiu 19%

Foto: Reprodução/ Agência Brasil
Em 15 anos, a proporção de negros nas prisões cresceu 14%, enquanto a de brancos caiu 19%. As informações são da 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ontem (18), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A cada três presos, dois são negros. Dos 657,8 mil presos em que há a informação da cor/raça disponível, 438,7 mil também são negros (ou 66,7%). Os dados são referentes a 2019.
“Existe, dessa forma, uma forte desigualdade racial no sistema prisional, que pode ser percebida concretamente na maior severidade de tratamento e sanções punitivas direcionadas aos negros”, afirma a publicação.
“Aliado a isso, as chances diferenciais a que negros estão submetidos socialmente e as condições de pobreza que enfrentam no cotidiano fazem com que se tornem os alvos preferenciais das políticas de encarceramento do país.”
De acordo com a pesquisadora associada do Fórum, Amanda Pimentel, ao G1, o sistema carcerário é organizado para ficar "extremamente voltada para o encarceramento do negro, que normalmente comete mais crimes patrimoniais".
Ela também destacou que, além das condições que levam os negros a serem mais presos do que não negros, há ainda o tratamento desigual dentro das prisões.
"As prisões dos negros acontecem em razão das condições sociais, não apenas das condições de pobreza, mas das dificuldades de acesso aos direitos e a vivência em territórios de vulnerabilidade, que fazem com que essas pessoas sejam mais cooptadas pelas organizações criminosas e o mundo do crime. Mas essas pessoas também são tratadas diferencialmente dentro do sistema de justiça. Réus negros sempre dependem mais de órgãos como a Defensoria Pública, sempre têm números muito menores de testemunhas. Já os brancos não dependem tanto da Defensoria, conseguem apresentar mais advogados, têm mais testemunhas. É um tratamento diferencial no sistema de justiça. Os réus negros têm muito menos condições que os réus brancos", explicou.