Após críticas de aliados de Lula, Motta defende a escolha de Derrite para relator do PL antifacção
Motta fala em respeito ao regimento e transparência na condução dos debates, mas destaca que o plenário é soberano para decidir sobre um tema que é urgente.

Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados | Pablo Valadares / Câmara dos Deputados
MARCELO ROCHA
Após críticas de integrantes e aliados do governo Lula (PT), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Repúblicanos-PB), foi às redes sociais neste sábado (8) para defender a escolha do deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Segurança Pública da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), como relator do projeto antifacção enviado pelo Executivo ao Congresso.
Motta fala em respeito ao regimento e transparência na condução dos debates, mas destaca que o plenário é soberano para decidir sobre um tema que é urgente. O texto está sendo chamado de Marco Legal de Combate ao Crime Organizado.
"Quando o tema é segurança, não há direita nem esquerda, há apenas o dever de proteger", disse. Apesar do inconformismo manifestado por governistas com a opção de Derrite, o presidente da Câmara disse acreditar que se chegou a um ponto de unidade.
"É hora de colocar todos na mesma mesa: governo, Congresso e sociedade e, com a maturidade que o país exige, trabalhar juntos por um projeto que una o Brasil no que realmente importa: garantir segurança à nossa sociedade."
Como mostrou a Folha de S.Paulo, Derrite apresentou seu parecer na noite desta sexta-feira (7) com mudanças legislativas para tentar classificar facções criminosas como grupos terroristas.
Ele alterou substancialmente o texto, numa direção em que o governo e parte dos especialistas em segurança pública criticavam: a tentativa de classificar as facções criminosas como grupos terroristas que, tradicionalmente, são movidos por questões políticas, ideológicas ou religiosas. Facções como PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho) visam ao lucro.
O projeto antifacção é a principal aposta do governo Lula para responder à crise e a cobranças na Segurança Pública após a ação policial no Rio de Janeiro que mirou lideranças do CV e resultou na morte de mais de 121 pessoas.
Antes de anunciar sua decisão, Motta procurou integrantes do governo para informar que deveria escolher Derrite como relator, entre eles a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Nessas conversas, os dois se opuseram à decisão e criticaram a escolha.
Nas redes sociais, Gleisi afirmou que, apesar de ser prerrogativa do presidente da Câmara escolher o relator dos projetos que tramitam na Casa, a opção por Derrite "contamina o debate com os objetivos eleitoreiros de seu campo político".
O governo argumenta que classificá-las como terroristas sujeitará o Brasil a sanções de organismos internacionais, pode afastar investimentos do país e levar até à intervenção armada de outros países em território nacional, como os ataques dos Estados Unidos a barcos nos mares venezuelanos, sob acusação de integrarem cartéis de drogas (o que não ficou comprovado).


