Astrônomos registram primeira imagem nítida de um campo magnético em buraco negro
Especialistas acreditam que interação das forças atue em todos os buracos negros

Foto: Reprodução/European Southern Observatory
Os astrônomos que revelaram o primeiro buraco negro aos olhos do mundo conseguiram capturar a imagem do campo magnético perto de sua borda, um grande passo para melhor compreender um dos grandes mistérios dos cosmos, de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira (24). Em abril de 2019, o gigantesco buraco negro alojado no coração da galáxia Messier 87 (M87), localizada a 55 milhões de anos-luz de distância, apareceu sob o aspecto de um círculo escuro cercado por um anel flamejante.
Obtida graças à colaboração internacional Event Horizon Telescope (EHT), a imagem histórica foi a evidência mais direta já obtida da existência de buracos negros, objetos tão massivos e compactos que nada lhes escapa, nem mesmo a luz. Dois anos depois, após análise dos dados recolhidos em 2017, os cientistas do EHT sabem mais sobre a mecânica do objeto supermassivo, que tem vários bilhões de vezes a massa do Sol.
E agora, uma nova imagem do objeto foi divulgada em luz polarizada (como por meio de um filtro que ajuda a isolar uma parte do anel luminoso). "A polarização da luz contém informações que nos permitem compreender melhor a física por trás da imagem vista em abril de 2019, o que não era possível antes. Este é um grande passo", ressaltou Ivan Marti-Vidal, coordenador de um dos grupos de trabalho do EHT e pesquisador da Universidade de Valência (Espanha).
A polarização revelou a estrutura do campo magnético localizado na borda do buraco negro e tornou possível produzir uma imagem precisa de sua forma, semelhante a um turbilhão de filamentos. Este campo magnético extremamente poderoso (muito mais do que o da Terra) opõe uma resistência à força da gravidade do buraco negro.
Essa parte da matéria que não é capturada (cerca de 10%) é ejetada, e o campo magnético desempenha um papel fundamental neste mecanismo. Estes jatos energéticos vindos do núcleo da M87 "são um dos fenômenos mais misteriosos desta galáxia", segundo o ESO (Observatório Europeu Austral).
Acredita-se que a interação das forças descobertas pelo EHT atue em todos os buracos negros, desde os menores até os supermassivos que espreitam no centro da maioria das galáxias, incluindo a Via Láctea. Nenhuma informação escapa dos buracos negros, nunca seremos capazes de observá-los diretamente.