Avião que caiu no MS fazia voo irregular e pousou fora do horário permitido; arquiteto chinês renomado e documentaristas brasileiros morreram
Aeronave não tinha permissão para voar durante a noite; arquiteto morto, Kongjian Yu, era considerado um dos maiores do mundo

Foto: Reprodução
O avião que caiu na noite de terça-feira (23) em Aquidauana, no Pantanal do Mato Grosso do Sul, e deixou quatro mortos, operava de maneira irregular, segundo o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
As vítimas do acidente são o arquiteto chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores do mundo, o documentarista Luiz Ferraz, o diretor de fotografia Rubens Crispim Júnior, e o piloto e dono da aeronave, Marcelo Pereira de Barros. Marcelo foi alvo de uma operação policial, em 2019, por transporte irregular de passageiros.
O arquiteto chinês Kongjian Yu, o documentarista Luiz Ferraz, o diretor de fotografia Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira de Barros, da esquerda para a direita
Segundo as autoridades, a aeronave, um Cessna 175, fabricado em 1958, com matrícula PT-BAN, de pequeno porte, tinha autorização apenas para voar durante o dia, seguindo regras de navegação visual (VFR Diurno), pois não contava com equipamentos para voar à noite, quando a queda ocorreu.
Os cineastas e o arquiteto estavam na região para gravar um documentário sobre a temática das cidades-esponjas, conceito idealizado por Kongjian Yu. A equipe chegou ao local de carro e se hospedou na Fazenda Barra Mansa.
A pista da fazenda só podia ser usada até as 17h39, mas o acidente aconteceu depois das 18h. O avião caiu a cerca de 100 metros da pista e explodiu ao atingir o solo. As vítimas morreram carbonizadas.
Além disso, o avião não tinha permissão para transportar passageiros de forma remunerada. No entanto, testemunhas disseram à polícia que o avião sobrevoou a região pantaneira durante todo o dia, com vários pousos e decolagens.
A Polícia Civil investiga se o voo fazia parte de um serviço clandestino de táxi-aéreo. Em 2019, o avião foi apreendido por irregularidades na documentação e adulteração na identificação. O certificado de aeronavegabilidade estava cancelado. Após três anos retido, foi liberado pela Justiça, reformado e autorizado apenas para uso particular.
O Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV), ligado ao Cenipa, foi acionado para apurar o acidente.