Banco Central avalia mudar cálculo de rendimento da poupança

Ideia é deixar a poupança mais próxima dos juros dos financiamentos imobiliários

[Banco Central avalia mudar cálculo de rendimento da poupança]

FOTO: Agência Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse na última quarta-feira (2), durante um evento do setor imobiliário, que a instituição está estudando mudar a regra de correção da caderneta de poupança. Na ocasião, entretanto, ele não deu detalhes de como seria alterada a regra, mas a ideia é deixar a poupança mais próxima dos juros dos financiamentos imobiliários. 

Frente à alta da inflação, é consenso no mercado a aposta de que a taxa básica de juros, a Selic, terá de ser novamente elevada em ao menos 1,5 ponto percentual, para 9,25% ao ano, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nos dias 7 e 8 de dezembro. Essa medida, como já foi sinalizada pelo BC, acarretará na forma como é calculado o rendimento da poupança. Isso porque, desde 2012, quando a taxa básica de juros está abaixo ou igual a 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial (TR), zerada há cerca de três anos e sem previsões de alteração no curto prazo.

Com a Selic atualmente em 7,75% ao ano e com novas discussões em curso para tratar de uma eventual alteração na forma de cálculo da aplicação, o rendimento equivalente da caderneta fica em torno de 5,42% ao ano. No entanto, quando a Selic ultrapassar esse patamar ao final do encontro do Copom na próxima quarta (8), o rendimento volta a ser o mesmo da "antiga poupança", 0,5% mensais, mais a TR, o que corresponde a 6,17% ao ano.

Apesar do aumento, o retorno segue ainda bem abaixo da inflação corrente, em 12 meses, o IPCA-15 avança 10,73%, até novembro. A última vez que a Selic esteve acima de 8,5% foi em setembro de 2017, quando era de 9,25%. "Vamos virar o ano com a taxa de juros provavelmente em 9,25% novamente, o que dispara a mudança na rentabilidade da poupança", disse à Folha de S.Paulo a estrategista-chefe da Órama Investimentos, Sandra Blanco.

Ela nota que, mesmo durante os dias mais agudos da pandemia, quando a Selic escorregou para a mínima histórica de 2% ao ano, muitos investidores de caráter mais conservador mantiveram o dinheiro na poupança. "Agora, com o aumento previsto para os juros, essas pessoas ficam ainda mais confortáveis em continuar com a aplicação", afirma a especialista. 


Comentários

Relacionadas

Veja Também

Fique Informado!!

Deixe seu email para receber as últimas notícia do dia!