Banco Central não deve alterar parcelamento sem juros, afirma presidente da Abrasel
Paulo Solmucci comenta sobre os estudos do BC e a relação entre modalidade de crédito e inadimplência

Foto: José Cruz/Agência Brasil
O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, disse em entrevista à UOL que o Banco Central parece inclinado a descartar a ideia de modificar o parcelamento sem juros. Após participar de uma reunião da entidade com representantes da indústria de cartões e a Febraban em Brasília, Solmucci afirmou ao UOL que os estudos do BC não encontraram relação entre essa modalidade de crédito e a inadimplência.
No encontro realizado no último dia 7, diversas associações apresentaram dados ao Banco Central, evidenciando a falta de correlação entre inadimplência e parcelamento sem juros. A Abipag e a Abranet, por exemplo, utilizaram informações do próprio BC para respaldar esse argumento. Apesar de o Banco Central não endossar diretamente essa informação, teria indicado que os estudos em andamento corroboram com essa perspectiva, segundo Solmucci.
Para a Abrasel, a proposta dos bancos, em análise pelo Banco Central, representaria uma tentativa de desvalorizar e enfraquecer o parcelamento sem juros. A associação se posiciona novamente contra a regulação dessa modalidade de crédito em comunicado divulgado em seu site.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, havia apresentado a sugestão de limitar a 12 vezes o parcelamento sem juros. No entanto, grandes bancos estariam inclinados a reduzir ainda mais o número de parcelas, chegando a seis ou quatro vezes. A proposta foi discutida em 16 de outubro em uma reunião com representantes do varejo, bancos e empresas de maquininhas, mas não houve consenso.
A Abrasel reforça os benefícios dessa modalidade de crédito, como estímulo à economia, fomento à concorrência e inovação, além de ser um incentivo ao comércio e serviços, fornecendo uma saída para situações de emergência. A associação também destaca a falta de comprovação de uma relação direta entre o parcelamento sem juros e o aumento da inadimplência, atribuindo a questão principalmente à concessão indiscriminada de crédito pelos bancos.
A discussão sobre o parcelamento sem juros está em pauta há meses. O presidente do Banco Central mencionou pela primeira vez a possibilidade de mudança nessa modalidade em agosto, destacando sua influência na taxa de juros rotativo e na inadimplência. Em setembro, a taxa de juros do crédito rotativo registrou 441,1%.
Campos Neto salientou a necessidade de encontrar uma solução para permitir que as pessoas continuem utilizando o parcelamento sem juros sem criar um ciclo de endividamento. A proposta inicial do Banco Central foi a limitação a 12 parcelas sem juros em compras no cartão de crédito, mas a discussão continua em aberto.