Bancos centrais no mundo divergem sobre relação entre inflação e Ômicron

Discrepâncias em medidas de contenção ao coronavírus criam adversidades para a economia global

[Bancos centrais no mundo divergem sobre relação entre inflação e Ômicron]

FOTO: DANIEL SLIM/Getty Images

A desigualdade da recuperação econômica pós-pandemia, sempre foi desigual e isso pode piorar devido às divergências de respostas à inflação e à nova mutação Ômicron dos maiores bancos centrais do mundo. Eles farão declarações antecipadas sobre suas políticas esta semana.

No entanto, ao contrário do início da pandemia, quando suas ações para evitar uma depressão global foram bem sincronizadas, isso deve variar enormemente agora. Economistas acreditam que o Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) deve anunciar uma rápida reversão de seu programa de compra de ações criado para a pandemia para combater preços altos.

Em novembro, os preços ao consumidor nos Estados Unidos subiram no ritmo mais rápido em quase 40 anos. O Federal Reserv, aparentemente, não está intimidado com a propagação da variante Ômicron, até mesmo porque os Estados Unidos estão até agora evitando implementar restrições para evitar a propagação da nova cepa no país. 

O consumo ainda aparenta estar forte, e pedidos de benefícios em relação a desemprego caíram recentemente para seu menor nível em 52 anos. “A história da atividade ainda é muito boa. As evidências recentes que a Ômicron não estão tendo um grande impacto no comportamento de consumo”, contou James Knightley, economista-chefe internacional na ING.

Enquanto isso, na Europa, algumas restrições foram rapidamente reimpostas pelos governos. A Alemanha anunciou um lockdown nacional para os não-vacinados, impedindo-os de acessar serviços mais essenciais. A Inglaterra mais uma vez está direcionando a população a trabalhar remotamente, se possível.

Mesmo antes da chegada da Ômicron, a recuperação econômica na Europa estava perdendo o ritmo devido a problemas nas cadeias de fornecimento e ao alto número de casos de coronavírus. A economia do Reino Unido cresceu apenas 0,1% em outubro. Com isso, o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu ficam em uma posição difícil já que eles também tentam lutar contra a inflação. Se eles se mexerem rápido demais para retirar os suportes e tentar controlar os preços, arriscam reverter ganhos conquistados em atividade e empregos.

Knightley espera que o Banco da Inglaterra se contenha de aumentar taxas de juros este mês, como se era esperado anteriormente. Ele acrescentou que o ECB poderia anunciar um programa transitório de compra de ações para evitar ficar à beira do penhasco em março, quando se prevê o fim da era de compras relacionadas à pandemia.

Enquanto isso, a China não pensa em restringir suas políticas e está de volta ao modo de flexibilização, conforme sua economia desacelera e incorporadoras imobiliárias deixam de pagar suas dívidas. Na semana passada, o país anunciou que vai cortar a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter em suas reservas pela segunda vez no ano, liberando US$ 188 bilhões para negócios e empréstimos.

“A necessidade é alta”, disse Jeffrey Sacks, diretor de estratégias de investimento para a Europa, Oriente Médio e África, no Citi Private Bank. “Os dados econômicos do início do verão até agora estão enfraquecendo”.

A recuperação da China começou mais cedo do que na Europa e nos Estados Unidos, e por isso, terminou mais rápido. A repressão do governo aos empréstimos excessivos no setor imobiliário do país também contribuiu para a desaceleração. Entretanto, Pequim também precisa se preocupar com os altos preços ao produtor, observou Knightley.

Porque isso é importante: em março de 2020, estava claro o que os bancos centrais deveriam fazer para evitar uma catástrofe. Mas reverter o curso agora não será fácil. A tarefa é ainda mais difícil devido às diferenças regionais que podem obscurecer a direção dessa viagem.

“É um caminho muito, muito difícil para os bancos centrais trilharem agora”, disse Knightley. “Você tem riscos operando em ambos os lados”.


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