Bolsonaro acusa Dallagnol e MP de "perseguição" à família

Diálogos de procuradores da Lava Jato revelam possivel complô contra família Bolsonaro

Por Da Redação
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Bolsonaro acusa Dallagnol e MP de "perseguição" à família

Foto: Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta sexta-feira (26), que "vários diálogos" entre o procurador da República Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Operação Lava Jato no Paraná, e membros do Ministério Público demonstram "perseguição" à sua família. Segundo o chefe do Executivo, os diálogos revelados entre procuradores da Lava Jato sobre vazamentos de dados da família dele ocorreram em 2019. 

Também nesta sexta (26), Bolsonaro mencionou ainda ter havido um movimento para influenciar a indicação do novo Procurador-Geral da República em 2019, quando decidiu escolher Augusto Aras para o cargo, nome que estava fora da lista tríplice da Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR). "A perseguição à família Bolsonaro se mostra em vários diálogos entre Dallagnol e membros do MP (Ministério Público). Além de quebra criminosa de sigilos, a tentativa de cooptar o entorno do Presidente da República para a escolha do PGR em 2019", escreveu Bolsonaro no Facebook.

"Dellagnol querer dizer ser brincadeira tais diálogos demonstra querer fugir de sua responsabilidade. Os diálogos do vazamento da família ocorreram em 2019, onde Bolsonaro já era Presidente da República. ISSO É CRIME!", afirmou.

Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) afirma que a fala do procurador foi uma brincadeira entre colegas de trabalho, no texto que se refere aos vazamentos de dados do COAF sobre a família Bolsonaro Um complô contra o senador Flávio Bolsonaro foi identificado por procuradores da Operação Lava Jato, ainda em janeiro de 2019. Cerca de um mês depois de o jornal O Estado de São Paulo ter recebido um relatório do Conselho de Atividades Financeiras (COAF), que deu origem a uma investigação ilegal contra o filho do presidente. À época, a informação foi compartilhada no grupo de Telegram chamado “Filhos de Januário 3”, composto por procuradores do Brasil inteiro. 

Veja as mensagens:

22 de Janeiro 2019 – CHAT – FILHOS DE JANUÁRIO 3

Deltan - “Identificamos a fonte do vazamento dos dados da família Bolsonaro!! COAF e MP juntos!
19:44:25 Roberson MPF - Hahahaha
19:44:38 Jerusa - Kkkkkk”

Dois dias depois da revelação de Dallagnol sobre a identificação da fonte de vazamento sobre a família Bolsonaro, a procuradora Jerusa Viecili compartilha o link de uma matéria de um dos coordenadores da Lava Jato, José Alfredo de Paula Silva saindo em defesa do COAF.

24 de Janeiro 2019 – CHAT – FILHOS DE JANUÁRIO 3

Jerusa - https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/24/coordenador-da-lava-jato-na-pgr-critica-pedido-de-f...
12:57:20 Roberson MPF - Caraaaaaca
12:57:40 Roberson MPF - Essas aspas vão esquentar o trem
12:59:27 Laura Tessler - Raquel deve estar dando pulos de 100m.

Daniel Silveira 

Diálogos da Lava Jato, os quais o presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) teve acesso, afirmam que o  deputado federal Daniel Silveira iria trazer à tona as informações no plenário da Câmara dos Deputados na semana depois do carnaval, mas acabou sendo preso na quarta-feira de cinzas. 

O jornalista Oswaldo Eustáquio, que teve acesso aos diálogos da Lava Jato em novembro de 2020 e entregou o material para o presidente do PTB, foi preso no dia 18 de dezembro e o STF o proibiu de receber visitas, se pronunciar pelas redes sociais e dar entrevistas.

Os chats secretos da Lava Jato, que já estão em posse do STF, citam o presidente Jair Bolsonaro por mais de uma centena de vezes e, por decisão do Ministro Ricardo Lewandowski, foram compartilhados com a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

"Rachadinhas"

Ainda na publicação nas redes sociais, Bolsonaro compartilhou um texto que cita um "complô" contra sua família, em especial o filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O senador é alvo de investigação que apura desvios de salários de funcionários em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Na última quarta-feira (24), o presidente encerrou uma entrevista coletiva ao ser questionado sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de anular a quebra do sigilo bancário e fiscal de Flávio Bolsonaro no âmbito das investigações das chamadas "rachadinhas".

Veja a íntegra da nota do MPF:

1. Os procuradores da República que a integraram força tarefa Lava Jato reafirmam que não reconhecem a autenticidade e a veracidade das mensagens criminosamente obtidas por hackers que estão lhe sendo atribuídas. Os supostos diálogos constantes nessas mensagens, editados, descontextualizados e deturpados, vem sendo utilizados de forma deliberada e sistemática por condenados da operação e simpatizantes que, não conseguindo enfrentar as provas e fatos que constam em centenas de autos judiciais, limitam-se a fazer e renovar, por dezenas de vezes, falsas acusações.
2. No caso específico, ainda que os diálogos tivessem ocorrido da forma como apresentados – embora não se reconheça o seu conteúdo, seja pelo tempo, seja pela ordem em que são apresentados, seja pelo conteúdo – as mensagens mostram, evidentemente, somente uma brincadeira entre colegas de trabalho. Qualquer interpretação diferente que se faça da questão, além de ser totalmente contrária ao contexto jocoso revelado pelas próprias supostas mensagens, não tem qualquer amparo na realidade. A força-tarefa do caso Lava Jato em Curitiba tinha atribuição limitada à investigação de crimes relacionados às empresas do Grupo Petrobras, não alcançando eventuais investigações relacionados ao presidente ou a sua família."

 

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