Brasil bate recorde de fusões durante a pandemia, mas estrangeiros evitam negócios
Segundo analista, em 2020, foram realizadas 1.038 transações

Foto: Cleuber Dias Terrão/PwC Brasil
Durante a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Brasil bateu o recorde de fusões e aquisições dos últimos 27 anos, principalmente, no ano passado. De acordo com o relatório M&A 2020, da empresa de consultoria e auditoria PwC Brasil, foram realizadas 1.038 transações. O recorde anterior era de 2019, com 912 negócios. Contudo, apesar dos bons resultados, a participação dos estrangeiros nos negócios caiu.
A pesquisa apontou que a economia instável é responsável por essa fuga. Em relação a 2019, a alta na quantidade de negócios foi de 14%. O desempenho de 2020 também superou em 48% a média de operações ao longo dos últimos cinco anos.
Segundo Leonardo Dell'Oso, sócio e líder da área de Fusões e Aquisições da PwC Brasil, a crise causada pela pandemia acelerou os processos de aquisição e fusões. De um lado, alguns setores que foram negativamente afetados pela crise, como o aéreo, o turismo, o varejo de lojas físicas e serviços, precisam de capital para sobreviver. Por outro lado, empresas mais fortes de setores que ganharam com a crise, como o de tecnologia, o de fármacos e o comércio digital, fizeram aquisições para acelerar o crescimento aproveitando a oportunidade do momento.
O setor de Tecnologia da Informação (TI) foi o líder em negócios em 2020. Foram 398 fusões ou aquisições, crescimento de 54% em relação a 2019. Ainda segundo Dell'Oso, se o Brasil fosse menos instável do ponto de vista econômico e político, se as reformas estivessem andando mais rapidamente e se o nosso sistema tributário fosse mais simples, se o programa de concessões e privatização estivesse mais adiantado, haveria mais investidores, em especial os estrangeiros, atuando.
Para o sócio da PwC Brasil, os fatores que influenciaram o crescimento das fusões e aquisições em 2020 continuam presentes em 2021 e, por isso, a expectativa é a de que o movimento de fusões e aquisições cresça novamente neste ano em relação ao anterior.