Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que a economia brasileira deve encerrar este ano com uma inflação maior do que a de 83% dos países do mundo. Os dados são do estudo feito pelo Ibre, colhidos no último relatório "World Economic Outlook", elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e divulgado na última semana. 

O FMI estima que a inflação no Brasil o ano em 7,9%. Considerando o acumulado de 12 meses até setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 10,25%. Com isso, se a projeção do Fundo se confirmar, o país irá registrar uma inflação bem acima da apurada entre os países emergentes (5,8%) e também da média mundial (4,8%).

Anualmente, entre os meses de abril a outubro, o FMI atualiza as suas projeções para diversos indicadores macroeconômicos, como inflação, Produto Interno Bruto (PIB) e investimento, para um grupo de quase 200 países. Neste ano, o levantamento deixa evidente que a piora da inflação tem sido mais intensa no Brasil que no restante do mundo.

O relatório de outubro do ano passado, por exemplo, previu que a inflação brasileira seria 57% maior que a de outro países. Já em abril deste ano, o número subiu para 70% e, neste mês de outubro, a taxa foi elevada para 83%. 

Um dos fatores que explicam essa profunda crise econômica é a desvalorização do real que tem sido maior do que a de outras moedas, segundo o pesquisador do Ibre, André Braz. A crise institucional e as incertezas fiscais, também contribuem para a elevada inflação no país.

A previsão do FMI para a economia brasileira é um tanto quanto conservadora. O último relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, estima que o IPCA atinja 8,69% neste ano. Se essa previsão se concretizar, o Brasil supera a inflação de 86% das nações mundiais.