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Cachaça contaminada por metanol deixou 37 mortos na Bahia em 1999; relembre outros casos

País soma histórico de intoxicações graves causadas por metanol

Por FolhaPress
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Atualizado
Cachaça contaminada por metanol deixou 37 mortos na Bahia em 1999; relembre outros casos

Foto: Agência Brasil

LAIZ MENEZES - Antes dos casos de internações e mortes recentes em razão de intoxicação por metanol, o Brasil já havia registrado óbitos causados pela contaminação de bebidas com o produto.

No caso mais grave, 37 pessoas morreram na Bahia após a ingestão de uma cachaça clandestina, em 1999. Na ocasião, ao menos 300 sofreram intoxicação e precisaram de atendimento.

O Ministério da Saúde afirma que a média anual de intoxicações por metanol no Brasil é de 20 casos. Neste ano, porém, de junho até este sábado (4), o número de mortes sob investigação já chega a 14, com dois óbitos confirmados e 195 casos suspeitos de contaminação. Há registros em 14 estados e no Distrito Federal.

Historicamente, as vítimas de intoxicação por metanol eram em sua maioria pessoas em vulnerabilidade social, como aquelas em situação de rua, com dependência química, que ingeriam a substância diretamente. Já os casos que envolvem bebidas alcoólicas adulteradas chamam a atenção das autoridades.

O Ministério da Agricultura informa que estão em andamento ações de fiscalização em estabelecimentos fabricantes e distribuidores, em conjunto com as Polícias Federal e Civil, para identificar possíveis locais relacionados aos casos recentes de intoxicação.

Veja os casos já registrados:

BAHIA, 1999

Em março de 1999, 37 pessoas morreram após a ingestão de cachaça contaminada por metanol no interior da Bahia. Os casos envolveram cerca de dez municípios do estado, como Serrinha (183 km de Salvador), Nova Canaã (480 km), Dário Meira (391 km) e Iguaí (531 km). Segundo a Secretaria da Saúde, 300 pessoas foram intoxicadas.

As vítimas apresentaram sintomas de intoxicação alcoólica, como pressão alta, cegueira, vertigem e dor de cabeça. Laudos periciais apontaram metanol em níveis até 500 vezes os do álcool etílico.

Segundo Alex da Saúde, atual secretário de Saúde de Serrinha, as bebidas eram produzidas artesanalmente por um homem que comprava o líquido em Amélia Rodrigues (BA) e revendia na cidade.

O cabeleireiro José Ronaldo Costa, 70, lembra que o irmão, Antônio Eduardo, sobreviveu à intoxicação por metanol, mas ficou internado por oito dias. Mesmo após receber alta, sofreu com dores de cabeça recorrentes e perda parcial da visão até 2015, quando morreu.

“Houve grande repercussão na época. Muita gente morreu, outros ficaram cegos. Meu irmão tomou só uma dose no fim de uma garrafa.”

O aposentado Antônio Jorge Siqueira, que dirigia a Vigilância Sanitária da Bahia em 1999, recorda que foram tomadas medidas emergenciais. “Interditamos o mercado e barracas e destruímos milhares de litros de bebida.”

Na época, um vereador chegou a ser preso por suspeita de fabricar a cachaça contaminada por metanol. Questionadas, a Polícia Civil e a Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia não informaram a conclusão da investigação.

DIADEMA (SP), 1992

Quatro pessoas morreram e mais de 160 tiveram sintomas de intoxicação após tomarem uma bebida conhecida como bombeirinho — uma mistura de vodca ou pinga com groselha — contaminada por metanol na casa noturna Roof 2, em Diadema, na Grande São Paulo.

Na madrugada de 27 de dezembro de 1992, o Hospital Público de Diadema recebeu cerca de 50 pessoas com sintomas como dores de cabeça, náusea e queixas de alterações na visão. Nos dias seguintes, outras pessoas com os mesmos problemas buscaram atendimento na unidade. No total, 28 ficaram internadas.

Na época, bares na região foram fechados, com diversas quantidades de garrafas de bebidas sem registro apreendidas.

Questionada, a Secretaria de Estado da Saúde não informou se houve pessoas responsabilizadas pelas contaminações.

SANTO AMARO (BA), 1990

A ingestão de uma cachaça contaminada por metanol deixou 16 mortos e ao menos 60 pessoas intoxicadas na cidade de Santo Amaro, a 71 km de Salvador, em 1990, segundo a Secretaria da Saúde da Bahia.

As mortes foram repentinas e ocorreram após sintomas como fortes dores no estômago, vômitos, cegueira e desmaios. Algumas pessoas tiveram sequelas como cegueira e surdez.

Após os casos, a prefeitura chegou a proibir a venda de bebida alcoólica no município. A investigação chegou até uma fábrica clandestina da bebida

 

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