Campanha “Janeiro Branco”: a importância da saúde mental para pacientes oncológicos

Confira a entrevista com a oncologista clínica Renata Cangussu sobre o tema

[Campanha “Janeiro Branco”: a importância da saúde mental para pacientes oncológicos]

FOTO: Reprodução / Arquivo Pessoal

A campanha Janeiro Branco, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), chama a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental, que vem sendo afetada em todo o mundo pela pandemia do novo coronavírus.

O Grupo “Mulheres na oncologia” reforça a importância de promover a saúde mental em pacientes oncológicos. Se o risco de infecção pelo novo coronavírus (covid-19) já preocupa quem não faz parte do grupo de risco da doença, o que dizer dos pacientes oncológicos neste momento em que os números de casos não param de crescer? Além de sentimentos como medo, ansiedade e insegurança, que abalam a saúde mental de quem já teve ou luta atualmente contra um câncer, a possibilidade ou necessidade de interrupção do tratamento preocupa.

O Farol da Bahia entrevistou a oncologista clínica Renata Cangussu, integrante do grupo “Mulheres na Oncologia”, para falar sobre o tema.

Farol da Bahia: Qual a importância da psicoterapia para o paciente oncológico?
Renata Cangussu: Todo paciente oncológico deve ter um acompanhamento psicoterápico, faz parte da abordagem multidisciplinar ampla essencial a todos. Isso porque sabemos do impacto emocional que o diagnóstico oncológico causa ainda nos dias atuais, apesar de toda melhoria dos resultados. Mas a demanda desse acompanhamento deve ser sempre individualizado. 

FB: Esses efeitos emocionais podem agravar o tratamento do câncer?
RC: Sim, pacientes que estão tendo o amparo psicológico podem ter um melhor enfrentamento da doença e dessa maneira otimizar a adesão ao tratamento, reduzindo muitas vezes os efeitos colaterais relacionados ao mesmo.  Especialmente no ano passado, a discussão a respeito da saúde mental ficou em foco, devido às consequências da pandemia. 

FB: Para vocês, como podemos cuidar da saúde da nossa mente?
RC: Existem diversas estratégias que podem ser utilizadas para cuidar da saúde mental: reforçar espiritualidade (independente da escolha religiosa de cada um), praticar atividades físicas regulares, meditar, envolver-se em práticas que envolvam a arte e música são alguns exemplos. 

FB: Quando surgiu o grupo “Mulheres na oncologia”? E qual é o objetivo do grupo?
RC: Mulheres médicas que atuam na luta contra câncer , unidas por desafios e objetivos comuns: seguir uma carreira profissional científica bem-sucedida, compartilhando experiências, colaborando em novos projetos e trocando ideias.  Acreditamos que juntas possamos informar, inspirar, envolver e capacitar esse segmento de profissionais que ainda encara diferenças de oportunidades no trabalho decorrentes do gênero. Além disso, temos o compromisso de levar informação de qualidade a toda população sobre o câncer. 

FB: Quantas pessoas em média o grupo atende? Vocês promovem algum tratamento voltado para a temática da saúde mental? O estresse, a ansiedade, medo, podem ser fatores contribuintes para o desenvolvimento de um câncer?
RC: Alguns estudos feitos em animais demonstram que esses sentimentos podem estar relacionados ao desenvolvimento de tipos de câncer mais agressivos. Sabemos que essas emoções estão relacionadas a impacto na imunidade assim como na produção de hormônios como o cortisol que cronicamente pode favorecer a inflamação celular e consequentemente estimular o crescimento tumoral.

FB: Os pacientes oncológicos que já se curaram precisam ter alguns cuidados especiais?
RC: Precisam ter os mesmos cuidados que deveriam ser indicados a toda população para a prevenção de doenças e envelhecimento saudável, que seria cuidar da saúde no sentido mais amplo com escolhas saudáveis alimentares, praticar atividade física regularmente e cuidado com o equilíbrio emocional. 

FB: O atendimento do grupo é voltado apenas para o paciente ou a família também tem assistência?
RC: Todo paciente oncológico acaba tendo sua família inteira envolvida nos cuidados, faz parte da assistência oncológica dar esse suporte a todos os envolvidos.
 

Dra. Renata Cangussu, oncologista clínica, integrante do grupo “Mulheres na Oncologia”


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