Campeonato Brasileiro: clubes ouvem propostas de empresas para formação de liga
No total, três empresas estão nesta "concorrência"

Foto: Reprodução/GE
Após terem anunciado a ideia de criar uma liga para organizar o Campeonato Brasileiro, representantes dos 40 clubes das Séries A e B se reuniram na última segunda-feira (28), em um hotel em São Paulo, e ouviram propostas de três grupos interessados em participar da operação do bloco. Um dos grupos é liderado pelo advogado Flavio Zveiter e por Ricardo Fort, ex-executivo da Coca-Cola; outro é coordenado pela consultoria KPMG; e um terceiro é organizado pela empresa Livemode.
Os projetos têm finalidades semelhantes, mas com estruturas diferentes. Ambos prometem a captação de valores de alguns bilhões de reais para refinanciamento das dívidas dos clubes e uma reconfiguração do Campeonato Brasileiro e da Série B, além da criação de novas receitas. Durante a reunião, um representante da consultoria americana McKinsey no Brasil também compartilhou ideias colhidas em outros mercados nos quais a empresa atua, e que contam com ligas há mais tempo. Mas a empresa não pretende assumir a operação da liga.
No encontro, cada "candidato" teve 40 minutos para apresentar propostas. Os clubes pretendem assumir a organização do Campeonato Brasileiro e da Série B. À luz do que acontece nas principais ligas europeias, a federação nacional, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), continuaria administrando a seleção brasileira e outras competições nacionais: Copa do Brasil, Série C e Série D. Diferente de tentativas passadas de formação da liga, em que dirigentes amadores foram nomeados para o comando, e só então profissionais foram buscados por eles para cuidar do operacional, desta vez grupos de executivos e advogados se adiantaram para oferecer o serviço.
Em linhas gerais, há mais semelhanças do que diferenças entre os projetos. Ambos partem da premissa de que o futebol brasileiro está exageradamente endividado e subdimensionado em suas receitas. Ou seja, poderia ter um faturamento muito maior do que o atual.
De onde viria o dinheiro
Na reunião, os números foram apresentados aos dirigentes. Flavio Zveiter estima que será possível captar com investidores US$ 750 milhões para a liga, que equivale a R $3,7 bilhões. A KPMG foi um pouco mais conservadora na projeção. Na ocasião, os representantes afirmaram aos cartolas que a captação com fundos de investimento deverá ficar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3 bilhões.
Ambos miram fundos especializados em "private equity", termo que o mercado usa para designar empresas estabelecidas e com capital fechado, ou seja, que não estão listadas em Bolsas de Valores. Esses fundos aportariam dinheiro na liga para comprar parte dela. A lógica se aplica tanto à S/A quanto ao consórcio. Eles se tornariam sócios e passariam a ter direito a um percentual sobre as receitas futuras dos clubes. No longo prazo, recuperariam o investimento e lucrariam.
Nas receitas operacionais, a distribuição seria a seguinte:
Televisão aberta e fechada
-50% iguais para todos os clubes da divisão
-50% condicionados à posição na tabela
Pay-per-view
-70% condicionados à quantidade de assinantes
-30% iguais para todos os clubes da divisão
Internacional
-40% iguais para todos os clubes da divisão
-30% condicionados à posição na tabela
-30% de acordo com "fama" (medida por pesquisa)
Nos patrocínios, as receitas seriam divididas de maneira totalmente igualitária, ou seja, 100% iguais para todos os clubes da divisão. A principal propriedade comercial seriam as placas de publicidade nos arredores do campo, que seriam uniformizadas e reduzidas em quantidade. O dinheiro da primeira divisão também seria usado para financiar o futebol feminino com 2% de suas receitas. Logicamente, valores e percentuais dependem da concordância de todos os dirigentes.
Quem são os profissionais
O projeto liderado por Flavio Zveiter tem a participação de alguns executivos brasileiros, como Ricardo Fort e Lawrence Magrath, e a consultoria de estrangeiros. Inclusive, participaram virtualmente da reunião com dirigentes Rick Parry, ex-chefe da Premier League (Inglaterra), e Paolo Dal Pino, atual presidente da Lega Serie A (Itália).
Esses são os nomes que assinam o projeto:
-Flavio Zveiter, membro da Fifa e ex-STJD
-Ricardo Fort, ex-Coca-Cola e ex-Visa
-Lawrence Magrath, ex-Fluminense e ex-AEG
-Charlie Stillitano, Relevent Sports Group
-Christian Unger, Fifa e ex-IMG
-Martin Davis, Live Nation
-Rick Parry, ex-Liverpool e ex-Premier League
-Scott Guglielmino, ex-ESPN


