Canais que disseminam notícias falsas faturaram R$ 10 milhões no YouTube em dois anos

Levantamento foi realizado pela revista Veja

[Canais que disseminam notícias falsas faturaram R$ 10 milhões no YouTube em dois anos]

FOTO: Getty Images

Uma reportagem da revista Veja, divulgada na última quinta-feira (16), aponta que o casal Ernani Fernandes Barbosa Neto e Thais Raposo do Amaral Pinto Chaves é a prova de que o ramo das notícias falsas é extremamente lucrativo. Segundo o texto, o casal é dono do Folha Política, um canal bolsonarista no YouTube que tem faturado com a divulgação de fake news. 

Uma investigação realizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na qual a revista teve acesso mostra que, de 2019 a agosto de 2021, o Folha Política recebeu mais de 3 milhões de reais do YouTube. Parte considerável desse valor, ainda segundo a reportagem, é obtida graças ao impressionante alcance dos vídeos divulgados. Inscrito na plataforma de vídeos desde maio de 2016, o canal atingiu números dignos de fenômeno da internet: 2,58 milhões de inscritos e mais de 1 bilhão de visualizações em seus cerca de 13.000 vídeos. 

Inicialmente lavajatista, antipetista e defensor de figuras conservadoras, como o ex-senador Magno Malta, o Folha Política aderiu ao bolsonarismo em 2018, sobretudo após o atentado à faca sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG). Ainda segundo a revista, Malta aparece em um vídeo do canal, destacado em relatório da Polícia Federal (PF), afirmando que Bolsonaro “desmascarou” Luís Roberto Barroso, o atual presidente do TSE, enquanto o ministro tentava esconder um ataque hacker aos principais sistemas da Corte, uma informação falsa.

Nos últimos tempos, o Folha Política se dedica principalmente à defesa do governo na CPI da Pandemia e também bate forte na tecla a favor do “voto impresso e auditável”. O primeiro golpe da Justiça contra essa indústria de fake news ocorreu em agosto, desfechado pelo ministro Luis Felipe Salomão, do TSE, a pedido da PF, no âmbito de um inquérito administrativo sobre ataques ao sistema eleitoral. A medida consistiu na suspensão temporária da remuneração paga a onze canais, entre eles o Folha Política, por plataformas como YouTube, Instagram, Twitter e Facebook. 

Desde então, o dinheiro é recolhido e vem sendo depositado numa conta judicial. Dentro da avaliação de que secar a fonte de rendimento que sustenta as fake news é o caminho mais eficiente para cortar o mal pela raiz, o TSE estuda dar um passo ainda maior na mesma linha. 

Ainda segundo a Veja, a ideia é criar uma regra geral para bloquear automaticamente os pagamentos (ou desmonetizar, no jargão dos negócios digitais) a todos os canais que façam ataques ao sistema eleitoral, proibindo que, em 2022, obtenham lucro com a propagação de mentiras. No relatório recebido recentemente pelo TSE, somados, os onze canais que estão na mira receberam mais de 10 milhões de reais do YouTube de janeiro de 2019 a agosto deste ano. O valor não inclui os pagamentos feitos por outras redes, como o Facebook.

A partir de relatórios financeiros entregues pelas empresas, a PF deve estabelecer qual foi o faturamento dos canais no período específico do recrudescimento dos ataques ao sistema eleitoral, de maio a agosto deste ano. A expertise para esse tipo de apuração surgiu com a abertura do inquérito dos atos antidemocráticos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em abril de 2020. Naquele caso, o procurador Aldo de Campos Costa, que atua na Procuradoria-Geral da República, calculou que doze sites bolsonaristas,  dos quais oito também figuram na atual investigação do TSE, que ganharam, entre 2018 e 2020, 4 milhões de reais no YouTube. 


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