Caso Henry: Monique revela que foi ameaçada por advogada de Jairinho para assumir culpa
Flávia Fróes teria dito à acusada que caso não assumisse o crime, ela seria "pega" na cadeia

Foto: Reprodução
Monique Medeiros da Costa e Silva revelou, em uma petição para a juíza Elizabeth Machado Louro, do II Tribunal do Júri, ter sido ameaçada pela advogada Flávia Fróes, contratada pela família de seu ex-namorado, Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, para fazer uma investigação paralela sobre o processo pelo qual os dois respondem por torturar e matar Henry Borel Medeiros.
Segundo o relato de Monique, a advogada a visitou na tarde da última sexta-feira (7), no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, Zona Norte, e a teria obrigado a assumir a culpa pelos crimes e dito que ela seria transferida ou seria “pega” na cadeia. Na terça (11), a acusada foi levada para o Instituto Penal Santo Expedito, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Conforme o documento assinado pela professora e pelos advogados Thiago Minagé e Hugo Novais, divulgado pelo jornal EXTRA, Monique estaria se sentindo “apavorada” e teria ouvido ainda da advogada que, mais cedo ou mais tarde, ela teria que assumir a responsabilidade pela morte de Henry, livrando Jairinho das acusações.
Ainda segundo informações do EXTRA, os advogados de Monique pleiteiam extrair cópias de todos os documentos necessários para a apuração de possíveis crimes, como fraude processual e coação no curso do processo, além de ter o acesso ao livro de visitas e às imagens das câmeras de segurança. Eles pedem ainda que o processo seja desmembrado.
Monique, Thiago e Hugo argumentam que, em dezembro, Elizabeth Machado Louro negou a soltura da professora justificando haver “ameaça a ordem pública” em sua liberdade. “Ocorre que, pelo contexto apresentado, Monique Medeiros não está segura no cárcere. Pelo contrário - está vulnerável a ataques e ameaças”, escrevem.
Em declaração dada ao EXTRA, a advogada Flávia Fróes classificou a petição como “criminosa” e afirmou que o documento está sendo usado como manobra pelos advogados de Monique para tentar o desmembramento do processo. Ela ainda afirmou que fará um registro de ocorrência por denunciação caluniosa, já que os fatos narrados “não revelam a verdade sobre a conversa que ela teve” com a professora, além de negar as ameaças e dizer que sempre defendeu o ex-casal com as informações que “conseguiu angariar ao longo das investigações defensivas”.
A advogada Flávia Fróes, que defende traficantes da maior facção criminosa do Rio, não está nomeada no processo. Ela foi contratada pelo pai de Jairinho, o deputado estadual Jairo Souza Santos, o Coronel Jairo, para rebater as provas técnicas do processo, no ano passado. Oficialmente, o advogado do ex-parlamentar é Braz Sant’Anna.
Também em declaração dada ao EXTRA, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) confirmou a visita de Flávia Fróes a Monique e ressaltou que “não existe determinação judicial que impeça o exercício da advocacia em atendimento a interna citada ou que limite o atendimento aos advogados inscritos no processo”.
A respeito da transferência de presídio de Monique, a Seap disse que, desde 3 de janeiro, o Oscar Stevenson alterou o perfil de atendimento e houve a necessidade de realocação das presas provisórias que possuem nível superior de ensino no Santo Expedito, para onde foram transferidas sete detentas, inclusive Monique.


