Casos de transtornos mentais tem tendencia de aumento em meio a pandemia, diz OMS
Especialistas se preocupam com o crescimento de casos no Brasil

Foto: Reprodução/Previva
Mais de 4,1 milhões de brasileiros foram infectados pela Covid-19. Sem contar as sub-notificações. Todos, de alguma forma, sentiram os impactos e tentam se acostumar com o novo normal. Os efeitos de uma realidade de restrições, em meio às drásticas mudanças, começam a se tornar evidentes e intensificam a discussão de uma emergência de saúde mental como consequências da crise sanitária.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que quase 1 bilhão de pessoas vivem com transtorno mental, 3 milhões morrem todos os anos devido ao uso nocivo do álcool e uma pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio. Com os reflexos da pandemia, a tendência é de que os números devem piorar.
O presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), Antônio Geraldo da Silva relata que especialistas já perceberam um novo movimento de doenças mentais se formando. “Essa doença (covid-19) não vai ficar só na primeira onda, segunda onda e terceira onda. Nós vamos ter uma onda das doenças mentais, por vários motivos”.
Aumento nos casos
Casos de crises ou surtos de ansiedade e estresse são demandas cada vez mais frequentes nos consultórios. De acordo com uma pesquisa realizada em maio pela ABP, 47,9% dos psiquiatras entrevistados perceberam haver um aumento nos atendimentos realizados após o início da crise. O levantamento revelou ainda que 89,2% dos médicos entrevistados relataram agravamento de quadros psiquiátricos nos pacientes, e que 67,8% dos entrevistados receberam novos pacientes após o início da pandemia.
Em pauta nas consultas, necessidade de confinamento, risco de instabilidade financeira, possibilidade de contágio e morte. “A maior parte das pessoas sentiu angústia, medo, desesperança. As relações interpessoais ficaram abaladas para uns, para outros, o isolamento por conta da doença foi o fator mais perturbador”, detalha a psicóloga Adriane Garcia.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, entre os pontos negativos para o adoecimento mental estão a falta de espaço, infraestrutura para trabalho, instabilidade econômica, atividade física, luz solar, rotina, restrição de interações sociais e restrição de liberdade. “A sociabilidade é fator protetor para as doenças mentais”, completa.