Cientistas pedem volta de medidas duras de distanciamento contra Covid-19

Preocupação de especialistas foi externada em nota técnica publicada nesta quinta-feira (17)

Por Da Redação
Ás

Cientistas pedem volta de medidas duras de distanciamento contra Covid-19

Foto: Reprodução/Senado Federal

O momento atual de crescimento acentuado dos casos de Covid-19, sob apatia da população em relação a esse repique, requer medidas "urgentes" de retomada do distanciamento social para o país "não colocar a perder todo o esforço feito até agora". Esse tom de alerta e gravidade consta da nota técnica mais recente emitida pelo Observatório Covid-19 BR, projeto multidisciplinar de cientistas para mitigação da pandemia, que reúne 80 técnicos e pesquisadores. No documento publicado na manhã desta quinta-feira (17), o grupo manifesta preocupação com o entusiasmo que toma conta do público com as notícias sobre a vacinação da população.  

Segundo os pesquisadores, o momento agora deve inspirar o mesmo grau de cautela que norteou ações em março, no início da pandemia, quando medidas mais duras foram tomadas para prevenir o contágio na comunidade. "A diretriz básica seria o fechamento do comércio e serviços não essenciais. Em particular, o funcionamento de bares, restaurantes e academias deveria ser proibido, assim como festas e shows, em espaços públicos ou privados", afirmam os especialistas. Entre os integrantes do grupo signatário do documento estão a epidemiologista Maria Amélia Veras, da Santa Casa de São Paulo, o físico Roberto Kraenkel, da Unesp, a cientista política Lorena Barberia, da USP e a sanitarista Márcia Caldas de Castro, da Universidade Harvard.

Uma das preocupações mais latentes da nota é o risco de aglomerações nas festas de fim de ano, pois o contágio entre familiares é uma das vias de espalhamento mais difíceis de conter da Covid-19. O texto não faz uso da palavra "lockdown", mas os pesquisadores afirmam que em algumas cidades a situação já pede "toque de recolher noturno". O auxílio emergência, dizem, é essencial para que populações carentes consigam ficar em distanciamento por mais tempo. Na série de recomendações os pesquisadores manifestam maior preocupação com as regiões Sul e Sudeste agora e citam situações graves em São Paulo, Rio e Santa Catarina, mas não se dirigem nominalmente a governadores ou prefeitos.

Além de intensificação nas medidas que podem produzir distanciamento, os cientistas pedem mais empenho do poder público em organizar equipes de rastreamento e testagem de casos suspeitos, que podem ajudar a conter a disseminação do vírus. Segundo Lorena Barberia, da USP, apesar do esgotamento e das perdas do setor produtivo, se medidas mais enérgicas não forem tomadas, a tragédia socioeconômica será ampliada. "A gente está ciente do custo elevado que essas medidas têm para a economia e para a sociedade", diz a especialista. 

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