Parte da classe média deixa 70% do dinheiro na poupança; ricos deixam 0,4%, diz Anbima
A poupança é uma das aplicações mais seguras e práticas, mas também a que tem um dos piores rendimentos da renda fixa

Foto: Reprodução/G1
A Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) aponta que embora o pequeno poupador esteja se familiarizando com conceitos básicos de educação financeira e investimentos, a distância entre o investidor pequeno e os que sempre estiveram no mercado –os milionários, notoriamente – ainda é gigante.
De acordo com o órgão, enquanto os clientes polpudos têm os investimentos espalhados por uma série de aplicações diferentes, com uma fatia de 60% entre ações e fundos multimercados, o correntista médio ainda deixa quase tudo que tem na renda fixa, sendo 70% só na poupança. Pouco menos de 2% do dinheiro deles está em ações.
A Anbima afirma que a poupança é uma das aplicações mais seguras e práticas, mas também a que tem um dos piores rendimentos da renda fixa. Em 2020, ela remunerou apenas 2,3%, ficou (bem) para trás da inflação e, na prática, fez o investidor perder dinheiro. Por essas razões, a indicação uníssona dos especialistas é fugir dela sempre que der. Eles próprios, porém, ressalvam que nem sempre dá.
Média de R$ 12 mil investidos
Segundo os dados divulgados na última quinta-feira (4) pela Anbima, havia no país em dezembro uma montanha de R$ 3,7 trilhões investidos em bancos e corretoras no país. Eles estão espalhados por poupança, títulos de renda fixa, ações, fundos de investimentos e outras opções. Para se ter uma ideia, é o equivalente à metade do PIB do país. Os valores consideram apenas investimentos; depósitos em conta-corrente, por exemplo, não entram.
O órgão explica que um terço disso (R$ 1,2 trilhão) está no chamado varejo tradicional, segmento mais básico dos bancos voltado para os clientes de renda média e baixa, com salário em geral de até R$ 5.000 por mês. De acordo com os números da Anbima, é uma turma que reúne 97 milhões de contas e que tem, em média, R$ 12 mil investidos nelas.
Em dezembro, 70% do dinheiro deles estava na poupança. Mais 25% foram deixados em outras aplicações de renda fixa, como títulos públicos, CDBs e fundos, e só os 5% restantes foram para categorias diferentes de investimentos, como ações e fundos multimercados.
Na outra ponta, os clientes do chamado private, o segmento mais VIP das instituições financeiras, deixaram apenas 0,4% de seus R$ 1,5 trilhão totais na poupança. O private é para onde vão as famílias mais endinheiradas, onde têm acesso a assessoria personalizada e produtos exclusivos.
Conforme e Associação, trata-se de um grupo pequeno, que responde por 120 mil contas, ou 0,1% do total. Mas 40% de todos os R$ 3,7 trilhões de investimentos mapeados pela Anbima estão com eles. Em dezembro, cada conta private do país tinha, em média, R$ 12,3 milhões aplicados –cada pessoa pode ter mais de uma conta.