CNC reduz expectativa do volume de vendas varejistas em 0,9% para 2022
Apesar da Pesquisa Mensal de Comércio apontar um crescimento de 0,6%, o resultado não é suficiente para compensar a perda de 5% acumulada em agosto e setembro
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de novembro de 2021, divulgada na última sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou um crescimento de 0,6% no volume de vendas no varejo.
Apesar da alta e da revisão do desempenho de outubro, que havia apurado queda de 0,1% e agora aponta alta de 0,2%, o resultado não é suficiente para compensar a perda de 5% acumulada em agosto e setembro.
Isso porque a falta de consonância entre os reajustes dos preços no atacado e no varejo, juntamente com o cenário de deterioração das condições de consumo e com o encarecimento do crédito, levaram a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) a revisar de +1,2% para +0,9% a expectativa de variação do volume de vendas no comércio varejista para 2022.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que o aumento da circulação de consumidores já não é o bastante para impulsionar as vendas. Na semana que antecedeu o Natal, a média semanal de fluxo de consumidores chegou a superar em 20% o nível de vendas pré-pandêmico. “A rápida disseminação da variante Ômicron e a natural desaceleração das compras após as festas de fim de ano passaram a constituir um cenário desafiador para o setor no início de 2022”, observa Tadros.
Conforme dados do IBGE, o volume de vendas no varejo em novembro voltou a ficar acima do nível observado em fevereiro de 2020 (+1,2%). Mas, com exceção das vendas em segmentos essenciais como supermercados (+0,9%), produtos farmacêuticos (+1,2%) e artigos de uso pessoal e doméstico (+2,2%), os demais segmentos mostraram redução nas vendas. O destaque da baixa foi para móveis e eletrodomésticos (-2,3%), vestuário e acessórios (-1,9%) e combustíveis e lubrificantes (-1,4%).
Faturamento evolui, mas cenário abala volume de vendas
O economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, destaca que, apesar da evolução do faturamento, a deterioração das condições de consumo tem levado o comércio a experimentar perdas sucessivas de volume de vendas também em comparativos interanuais.
Em novembro de 2020, por exemplo, houve avanço de 8,8% na receita, porém, descontada a variação dos preços (+13,0%), o setor observou uma retração de 4,2% no volume após apresentar variações de -4,1%, -5,2% e -6,8% de agosto a outubro.
Bentes também destaca o ritmo intenso dos reajustes no atacado e a incapacidade de repasse integral das altas de preços ao consumidor final como determinantes para a esse panorama.
No varejo, os preços subiram, em média, 13% nos 12 meses encerrados em novembro de 2021. Já no atacado os preços ao produtor, coletados pelo próprio IBGE, avançaram 27,1% durante o mesmo período. “É improvável a reversão deste cenário no curto prazo e, por isso, reduzimos a projeção”, explica o economista.