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Com mortes e 10 bares fechados, origem do caso metanol no país segue incerta

Veja o que as autoridades sabem sobre o problema até agora e o que ainda não sabem

Por FolhaPress
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Com mortes e 10 bares fechados, origem do caso metanol no país segue incerta

Foto: Imagem ilustrativa/Pexels

A crise de bebidas adulteradas com metanol começou em São Paulo e se multiplicou pelo Brasil. O Ministério da Saúde confirmou nesta segunda-feira (6) 17 casos de intoxicação em todo o país. A pasta investiga outros 200 casos suspeitos de intoxicação. Veja o que as autoridades sabem sobre o problema até agora e o que ainda não sabem.

SÃO PAULO CONCENTRA A MAIOR PARTE DOS REGISTROS
Em São Paulo, são 15 casos confirmados, enquanto no Paraná são dois. Dos casos investigados, 164 são em São Paulo e outros quatro no Paraná.
Outros 12 estados apresentam casos suspeitos: Acre, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia e Rio Grande do Sul. Já na Bahia, Distrito Federal e Espírito Santo houve casos suspeitos, mas foram descartados.

Dois óbitos foram confirmados até o momento, todos em São Paulo. Nesta segunda, a Prefeitura de São Bernardo do Campo confirmou a morte de mulher de 30 anos internada após tomar drinque com metanol. O óbito, no entanto, ainda não entrou no balanço oficial do governo estadual.

Ministério da Saúde também investiga outras 12 mortes por suspeita de intoxicação por metanol. Sendo em São Paulo (6), Pernambuco (3), Mato Grosso do Sul (1), Paraíba (1) e Ceará (1). Os dados foram enviados pelos estados e compilados pelo CIEVS (Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional).

LINHAS DE INVESTIGAÇÃO
Metanol pode ter sido utilizado para aumentar volume de bebidas. "A principal suspeita da Polícia Civil é que, durante o processo de adulteração, o etanol utilizado em produções clandestinas seja um etanol de baixa qualidade, que já vem contaminado com metanol", afirmou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, em entrevista coletiva nesta segunda-feira.

Contaminação também pode ter ocorrido durante higienização de vasilhames. Segundo o governo paulista, fábricas ilegais estariam usando metanol —ou etanol adulterado com metanol— para desinfectar garrafas, que possivelmente foram reaproveitadas, antes do envasamento irregular.

Polícia Federal não descarta nenhuma hipótese sobre origem da contaminação. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, declarou que a investigação dirá se a crise do metanol tem conexões com o crime organizado. Segundo a PF, ainda não se sabe se as bebidas podem ter vindo de adulteração importada.

A Polícia Técnico-Científica de São Paulo confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras do estado. O próximo passo da investigação é descobrir se foram dessas duas distribuidoras que saíram as bebidas que causaram as mortes registradas no estado.

Polícia de São Paulo prendeu 20 suspeitos de envolvimento na manipulação de bebidas no estado nos últimos dias. Entre as prisões, está a do principal fornecedor de produtos falsificados de São Paulo. Segundo o governo, foram 60 operações realizadas até esta segunda-feira. 

No entanto, até agora não se sabe a origem do metanol.

GOVERNO DE SÃO PAULO DESCARTOU ENVOLVIMENTO DO PCC
Tarcísio de Freitas ressaltou, no entanto, que até agora não há relação entre os investigados com facções criminosas. "Estamos prendendo os suspeitos para fazer a qualificação, ver outros crimes que eles podem ter cometido. As pessoas presas não têm relação entre si", disse o governador de São Paulo.

Governo descartou o envolvimento  do PCC (Primeiro Comando da Capital) ou de outras facções nos crimes. O secretário Guilherme Derrite argumentou que o negócio é pouco lucrativo em comparação com o tráfico de drogas.

São Paulo interditou 10 locais por origem suspeita de bebidas. Locais apresentaram irregularidades no processo de compra das bebidas, segundo o governador Tarcísio de Freitas. 

Suspensão foi feita de forma cautelar. Apesar disso, se as empresas não conseguirem comprovar a origem dos produtos, podem perder definitivamente a inscrição estadual. Segundo o governo, foi pedida a suspensão preventiva da inscrição estadual de seis distribuidoras e dois bares.

POR QUE O METANOL É PERIGOSO
Metanol é nocivo para a saúde. A exposição a quantidades significativas do produto pode resultar em náusea, vômito, dor de cabeça, visão turva, cegueira permanente, convulsões, coma, danos permanentes ao sistema nervoso ou morte. Em alguns casos, a substância costuma ser adicionada ilegalmente ao combustível como uma alternativa mais barata ao etanol.

Tomar pequenas quantidades pode causar intoxicação. Segundo especialistas, a toxicidade do metanol está relacionada à dose que você toma —e à forma como seu corpo lida com ela. O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) alerta que cerca de 10 ml de metanol puro pode causar cegueira e 30 ml pode ser letal.

Metanol é um álcool líquido, incolor e também conhecido como álcool metílico. Embora semelhante ao etanol na aparência, o metanol não deve ser confundido com o álcool usado em bebidas.

NÃO É POSSÍVEL DESCOBRIR SE BEBIDA TEM METANOL
Os casos de intoxicação por metanol identificados até agora envolvem bebidas destiladas, como vodca e gim. Recomendação das autoridades é sempre exigir a nota fiscal ou comprovação de origem da bebida. O documento precisa ter todas as informações de identificação do fornecedor e da compra, isso ajuda na rastreabilidade do produto e é uma garantia para o consumidor em eventual reclamação.

Não é possível identificar a presença do metanol apenas olhando, cheirando ou provando a bebida. Geralmente a substância não apresenta diferença de sabor ou cor, explicou ao UOL Mariana de Moura Pereira, especialista em análises clínicas e pesquisadora do Laboratório de Toxicologia da USP.

Não existe nenhum teste caseiro confiável para se fazer antes do consumo. Só se descobre que o metanol estava presente pelos sintomas e após exames clínicos.
Gosto fica diferente com metanol? Também não. A substância é muito semelhante ao etanol usado em bebidas alcoólicas.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, faz um alerta para que se evite bebidas destiladas neste momento. "Estamos falando de um produto de lazer, não da cesta básica alimentar, então evite um risco como esse. Beba apenas se você tiver certeza absoluta da origem da aquisição deste produto", explicou.

O combate à intoxicação por metanol no Brasil conta com antídotos específicos. O país utiliza dois medicamentos principais: o etanol farmacêutico, já disponível em unidades do SUS, e o fomepizol, que será importado em caráter emergencial para reforçar o atendimento diante do aumento de casos suspeitos. Ainda segundo Padilha, os profissionais de saúde já receberam orientações detalhadas sobre o uso dos antídotos e monitoramento dos pacientes desde a suspeita de intoxicação

QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS?
Principais sintomas começam entre seis e 12 horas após a ingestão. Nem todos os intoxicados passam mal imediatamente. disse ao UOL Mariana de Moura Pereira, especialista em análises clínicas e pesquisadora do Laboratório de Toxicologia da USP.

Sintomas começam com desconforto abdominal. A dor é seguida por confusão, sonolência, insuficiência respiratória e dor de cabeça. Em alguns casos, há hemorragia craniana.

Corpo reage à transformação do metanol em ácido fórmico no organismo. A substância é altamente tóxica, pois provoca acidez no sangue e prejudica o funcionamento das células.

Efeitos da intoxicação dependem de fatores como peso e capacidade metabólica. Quem tem menos peso tende a metabolizar mais rápido e sentir os sintomas mais graves antes.

Existem diferenças de intoxicação para ressaca comum. No caso da ressaca, há dor de cabeça e náusea. Na intoxicação, o paciente sente uma dor aguda abdominal, além da visão borrada.

Busque atendimento médico imediato. Se houver qualquer sintoma suspeito, o consumidor deve procurar urgência médica sem demora.

Comunique as autoridades competentes. Disque-Intoxicação (0800 722 6001, da Anvisa) para orientação clínica/tóxica; Vigilância Sanitária local (municipal ou estadual); Polícia Civil; Procon (órgão de defesa do consumidor).

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