Comportamento de celebridades reacende debate sobre mitomania e necessidade de aprovação pública!
Mentira e fama: especialistas explicam o que está por trás das declarações falsas de Gracyanne Barbosa

Foto: Divulgação
A polêmica envolvendo Gracyanne Barbosa, que teria mentido sobre seu relacionamento com o ator João, reacendeu nas redes sociais um debate recorrente: por que pessoas públicas mentem sobre a vida pessoal — e quando isso deixa de ser apenas um deslize e se torna um sintoma psicológico?
Segundo o médico e especialista em saúde mental Dr. Iago Fernandes, a mentira é um comportamento humano universal, e em muitos casos, uma forma de defesa. “Mentir é uma estratégia adaptativa, usada para evitar conflito, proteger a autoestima, impressionar ou contornar situações difíceis. Muitas vezes, a mentira funciona como armadura diante de inseguranças, medo de abandono, vergonha ou baixa autoestima”, explica o médico.
Ele reforça que a mentira só se torna preocupante quando deixa de ser pontual e passa a ser um padrão. “Quando a pessoa mente com frequência, mesmo sem necessidade, apresenta inconsistências nas histórias, não demonstra remorso e tem prejuízos nas relações pessoais e profissionais, pode estar diante de um quadro conhecido como mitomania ou mentira patológica”, detalha.
Dr. Iago descreve sintomas característicos do transtorno. “O indivíduo cria narrativas detalhadas, muitas vezes fantasiosas, mas com aparência de verdade. Muda versões conforme o contexto e tende a se colocar em posição favorável. Em alguns casos, acredita parcialmente nas próprias invenções, como se a mentira preenchesse um vazio interno.”
Para o especialista, há uma forte relação entre mentira patológica e ego. “A pessoa deseja ser vista como mais importante ou interessante do que acredita ser. No caso de figuras públicas, essa necessidade é amplificada pela exposição e pelo julgamento constante. A mentira se transforma em uma tentativa de autopreservação diante da pressão por perfeição”, analisa.
A psicóloga Sandra Pereira, especialista em mulher madura, concorda. “Muitas vezes a mentira é uma forma de se proteger e evitar julgamentos. Inventar histórias pode ser uma maneira de controlar a imagem que o outro tem de nós. Mas quando isso é frequente e exagerado, e a pessoa não sente culpa, pode indicar um padrão patológico”, afirma.
Ela explica que a mitomania se caracteriza por histórias fantasiosas, inconsistência entre versões e dificuldade em manter relacionamentos. “Essas pessoas buscam admiração e validam o próprio valor através da mentira. Com o tempo, acabam se isolando e perdendo credibilidade, porque a máscara se torna pesada demais para sustentar”, comenta.
De acordo com Sandra, o tratamento é possível, mas exige disposição para o autoconhecimento. “A psicoterapia ajuda a identificar a origem dessas mentiras, geralmente ligadas à autoestima e à necessidade de aceitação. O processo terapêutico trabalha o reconhecimento dos padrões e a construção de relações mais autênticas e seguras”, explica.
Tanto Iago Fernandes quanto Sandra Pereira concordam em um ponto essencial: a mentira patológica é menos sobre enganar o outro e mais sobre esconder uma dor interna. “A mitomania é uma ferida da alma que tenta disfarçar a sensação de não ser bom o suficiente”, define Iago.
No universo das celebridades, onde a imagem é moeda e a aprovação do público pesa mais que a autenticidade, a linha entre verdade e invenção se torna ainda mais tênue. Como lembra Sandra, “quanto maior a pressão por ser admirado, maior a tentação de se reinventar, nem que isso custe a própria verdade”.