Disputa de poder: traficantes guerreiam por controle do tráfico no Norte e Nordeste

Na Bahia, as três cidades mais violentas são Saubara, Tanquinho e Simões Filho

[Disputa de poder: traficantes guerreiam por controle do tráfico no Norte e Nordeste]

FOTO: GETTY IMAGES

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizou uma pesquisa que analisou 310 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes em 2017, e fez um recorte da violência no país. O Atlas da Violência-Retrato dos Municípios Brasileiros 2019, realizado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, demonstra que houve um acréscimo de mortes nas regiões Norte e Nordeste. O principal motivo é a guerra do narcotráfico.

Com mais de 100 mil habitantes, Maracanaú, no Ceará, é o município mais violento do Brasil. Em seguida vem a cidade de Altamira, no Pará, lugar onde recentemente, um massacre em uma penitenciária deixou 62 mortos. Sendo que 16 foram decapitados. A barbárie é só um dos conflitos entre facções rivais que buscam o controle e domínio da rota de tráfico de drogas na região. Ao contrário do que ocorre em cidades como São Paulo, no Pará não há uma hegemonia de facções, o que ocasiona uma alta onda de crimes no estado.

Altamira ainda possui a maior taxa de homicídio do Pará, sempre acima de 56 homicídios, que são estimados por 100 mil habitantes. Canaã dos Carajás também tem um grande protagonismo nas mortes do estado paraense, muito por conta do histórico de conflitos fundiários que vem se prolongando durante os anos, como o Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, quando dezenove trabalhadores rurais, sem terra, foram mortos pela polícia militar. Na ocasião, os trabalhadores do Movimento dos Sem Terra realizavam uma caminhada até a cidade de Belém, e foram impedidos de prosseguir o caminho pela polícia. Mais de 150 policiais portando fuzis com munições reais e sem fardas para identificação participaram da violenta ação. 

Região Nordeste

A taxa estimada de homicídios na região Nordeste, possuía maior concentração em municípios litorâneos, principalmente perto das regiões metropolitanas. Em 2017, o estado com maior taxa de homicídios estimada era o Rio Grande do Norte (67,4). A cidade de João Dias lidera o índice de mortes violentas, com taxa de 222,6. A capital Natal possuía taxa de 73,4, enquanto que a média estimada no município era de 47,0. No estado potiguar predomina grupos criminosos dissidentes do PCC em 2012. Presente no estado desde 2006 e mesmo com controle de poucos bairros da capital, possui o poder econômico soberano e consequentemente o controle das rotas de distribuição nacional e internacional de drogas, em um dos estados que está inserido nas principais rotas do transporte de drogas do Brasil para a Europa.

Na Bahia, as três cidades mais violentas do estado são respectivamente, Saubara, com índice de 125,8 mortes por 100 mil habitantes, e ocupando as primeiras posições de homicídios no Brasil, seguido por Tanquinho (123,8) e Simões Filho (119,9). O número elevado reflete a grande quantidade de facções criminosas que fazem o comércio de drogas no território baiano, em particular na capital, onde se destaca o Bonde dos Malucos (BDM), Comando da Paz (CP), E Katiara e Caveira. As duas maiores facções do Brasil, o PCC e CV também ocupam espaço na Bahia, se associando com quadrilhas do estado e fornecendo armas e drogas. 


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