COP30: Brasil convoca plenária extra para evitar impasses na reta final da conferência
Negociadores tentam fechar texto-base antes da fase decisória da COP30

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Embora o sábado estivesse inicialmente reservado para uma pausa na COP30, em Belém, as negociações seguem em ritmo acelerado. Com a aproximação do segmento de alto nível, que reunirá cerca de 160 ministros a partir de segunda-feira, os negociadores dos 194 países permanecem trabalhando para tentar fechar um texto-base que facilite as decisões políticas na reta final da conferência.
A primeira semana, dedicada ao esforço técnico, tem sido descrita por observadores como intensa, marcada por avanços pontuais e muitos impasses.
A presidência brasileira tenta reduzir ao máximo o risco de travamentos nos próximos dias. Um dos pontos de maior tensão envolve a definição de parâmetros globais de adaptação às mudanças climáticas e as diretrizes para uma transição justa. Países africanos, por exemplo, defendem mais tempo para amadurecer esses indicadores e prefeririam empurrar a decisão para a COP32, na Etiópia, argumentando que precisam de garantias de financiamento e regras exequíveis para economias mais vulneráveis.
Já parte dos negociadores e organizações observadoras avaliam que estender o debate pode fazer o tema se arrastar indefinidamente, comprometendo a implementação imediata de ações.
Diante dessas divergências e de outras que seguem sem consenso, a presidência da conferência decidiu convocar uma plenária extraordinária neste sábado. A sessão busca atualizar as delegações sobre o andamento das discussões e tentar organizar os temas considerados mais sensíveis ou ainda fora da agenda formal.
Entre eles estão as medidas de comércio com justificativa ambiental, frequentemente rotuladas como protecionismo verde, a síntese das metas climáticas nacionais, os relatórios de transparência e, sobretudo, as negociações sobre financiamento climático, que tradicionalmente dividem países desenvolvidos e em desenvolvimento.
As consultas continuarão até o início da tarde, antes da plenária marcada para as 16h, numa tentativa de ajustar expectativas e abrir caminho para o acordo final, previsto para ser fechado até a próxima sexta-feira. A avaliação geral é que o momento exige equilíbrio entre ambição e pragmatismo: avançar no que já é possível agora, sem descartar melhorias futuras, para evitar que a conferência chegue ao fim sem resultados concretos.


