Correios busca empréstimo de 20 bilhões para equilibrar as contas após 12 trimestres de prejuízos
Empresa deve lançar novos produtos para gerar novas receitas. A companhia também prepara novo PDV e corte de gastos.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Os Correios anunciaram nesta quarta-feira (15) que estão negociando um empréstimo de R$ 20 bilhões com bancos públicos e privados para tentar reequilibrar as contas e recuperar a capacidade operacional. A empresa não consegue fechar no azul desde 2024 e acumula 12 trimestres seguidos de prejuízo. O anúncio foi feito pelo novo presidente da estatal, Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu o comando há menos de um mês. Segundo ele, o contrato ainda está em fase de negociação.
“Precisamos recuperar a liquidez da empresa para termos condições de honrar compromissos, como o Plano de Demissão Voluntária (PDV). Estamos realizando uma operação de crédito com bancos para recompor o caixa”, afirmou Rondon em entrevista coletiva.
Em setembro, os Correios divulgaram prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025 mais que o triplo do resultado negativo de R$ 1,3 bilhão registrado no mesmo período de 2024. A empresa também informou que consumiu 92% das reservas financeiras que possuía em aplicações desde 2023.
A crise de caixa fez a estatal atrasar repasses e pagamentos a fornecedores, transportadoras e até à rede credenciada de agências. Desde abril, parte das transportadoras contratadas está operando em ritmo reduzido, o que tem provocado atrasos nas entregas.
Em julho, os Correios postergaram o pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações, incluindo repasses ao plano de saúde dos funcionários (Postal Saúde), ao fundo de pensão Postalis, além de dívidas tributárias e pagamentos de benefícios trabalhistas.
Entre os valores adiados, estão:
- INSS patronal – R$ 741 milhões
- Fornecedores – R$ 652 milhões
- Postal Saúde – R$ 363 milhões
- Programa Remessa Conforme – R$ 271 milhões
- Vale-alimentação/refeição – R$ 238 milhões
- PIS/Cofins – R$ 208 milhões
- Postalis – R$ 138 milhões
- Franqueadas – R$ 135 milhões
Para tentar conter os gastos, o presidente dos Correios anunciou um novo Plano de Demissão Voluntária (PDV) e a venda de imóveis ociosos. A empresa também deve renegociar contratos com grandes fornecedores e revisar custos operacionais e administrativos.
As medidas fazem parte de um plano dividido em três frentes: redução de despesas, diversificação de receitas e recuperação da liquidez.
Em maio, sob a gestão anterior, a estatal já havia adotado medidas emergenciais como redução de jornada de trabalho, suspensão temporária de férias, revisão de contratos e criação de um marketplace próprio. No entanto, Rondon afirmou que essas ações “foram paliativas, sem impacto reestruturante”.
Recuperação e novos produtos
De acordo com o presidente, o empréstimo de R$ 20 bilhões deve aliviar o caixa da empresa entre 2025 e 2026 e garantir fôlego para a reestruturação a longo prazo. A estatal também planeja lançar novos produtos e serviços ainda neste ano para diversificar suas fontes de receita. Detalhes sobre as iniciativas, no entanto, não foram divulgados.
“Nosso objetivo é devolver os Correios à capacidade de investimento, garantir a operação e restabelecer a confiança dos parceiros e da sociedade”, afirmou Rondon.