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Crânios de Lampião e Maria Bonita vão integrar museu após família guardar peças por 20 anos

Restos mortais foram reconstituídos na Faculdade de Medicina da USP

Por Da Redação
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Crânios de Lampião e Maria Bonita vão integrar museu após família guardar peças por 20 anos

Foto: Reprodução/Gregório Cardoso Tápias Ceccantini

Os crânios de Lampião e Maria Bonita, guardados cuidadosamente por cerca de 20 anos pelos próprios familiares dos reis do cangaço, podem se tornar parte do acervo de um museu planejado pela bisneta do casal histórico, Gleuse Ferreira, de 69 anos.

Segundo Gleuse, o terreno onde o museu será construído já está devidamente preparado. Ela trabalha no desenvolvimento do projeto, que indica que levará cerca de três anos até a finalização das obras.

A bisneta de Lampião e Maria Bonita ainda detalhou que o acervo é composto por armas, punhal, um cacho de cabelo da rainha do cangaço, joias e fotografias. Para ela, o local será um centro de estudos sobre o fenômeno do cangaço, onde os visitantes devem evidenciar a riqueza cultural e histórica do período.


Preservação dos crânios

O grupo de Lampião foi morto no povoado de Angicos, em Sergipe, no dia 28 de julho de 1938. Na ocasião, onze cangaceiros foram decapitados, inclusive Lampião e Maria Bonita. As cabeças de alguns cangaceiros ainda foram colocadas na escadaria de uma igreja, em Piranhas, localizada em Alagoas.

Entre os anos de 1944 e 1969, as cabeças do casal foram expostas no museu do Instituto Médico Legal (IML) Nina Rodrigues. Já em 1969, a família recorreu à justiça e conseguiu o direito de sepultar os restos mortais no Cemitério Quinta dos Lázaros, também em Salvador.

No ano de 2002, o cemitério comunicou a Expedita Ferreira, de 92 anos, única filha de Maria Bonita e Lampião, e a bisneta deles que o cemitério em que os crânios estavam sepultados poderia passar por mudanças, e os restos mortais corriam risco de se perder.

Diante da notícia, a filha e bisneta decidiram que ficariam sob a guarda dos crânios em Aracaju, capital de Sergipe. Gleuse conta que enquanto cuidavam dos restos mortais, os deixavam encaixotados no próprio armazenamento entregue pelo cemitério e às vezes tiravam os crânios para tomar sol.

Em setembro de 2021, elas entregaram os crânios ao Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Profissionais da instituição relatam que o trabalho de reconstrução da estrutura craniana de Maria Bonita não foi muito complicada, diferentemente da situação do crânio de Lampião, que foi um verdadeiro desafio, pois estava aos pedaços, devido as diversas lesões sofridas antes e após a morte.

Os pesquisadores ainda tentaram extrair material genético para comparar com o DNA de parentes, mas não foi possível. Eles atribuem essa impossibilidade a intensa manipulação e o armazenamento em diferentes soluções para suposta preservação, como querosene e sol, o que teria impedido a sobrevivência de material genético viável para a análise.

Caso o museu seja construído, os crânios de Maria Bonita e Lampião, já reconstituídos devem retornar ao endereço da família, onde fará parte do acervo do museu.

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