Delação: Advogado revela suposto envolvimento de juízes em esquemas de vendas de sentenças
Além de entregar provas, delator vai devolver mais de R$ 2 milhões e veículos
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O advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira, que foi assessor do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), fez uma delação e revelou que juízes alvos da Operação Faroeste, que investigam a venda de sentenças judiciais favorecendo a grilagem de terras no oeste da Bahia, teriam envolvimento em outros esquemas de vendas.
O acordo de delação foi firmado junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologado pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes, em março de 2020. Além de entregar as provas, Cavalcanti confirmou a devolução de mais de R$ 2 milhões e veículos, que foram obtidos por meio das infrações penais.
Na faroeste, um dos esquemas delatados por ele foi uma suposta negociação de R$ 60 mil envolvendo um processo de recuperação judicial. Ele afirmou que dirigiu o voto no sistema do TJ-BA usando a senha de uma funcionária do gabinete da desembargadora Sandra Inês Moraes Rusciolelli.
De acordo com ele, a negociação teria sido feita com o filho da desembargadora, Vasco Rusciolelli. Na delação, o advogado admitiu ter ficado com R$ 10 mil, uma assessora da desembargadora com outros R$ 10 mil, e o filho de Sandra Inês R$ 40 mil.
Em um dos anexos, o advogado disse ter intercedido também em favor de um posto que enfrentava um recurso da Petrobras e do estado da Bahia. A promessa é que ele receberia no esquema R$ 150 mil. Uma parte do dinheiro seria dividida também com Vasco Rusciolelli, filho de Sandra Inês.
Outro caso que envolve licitação e teria sido intercedido por ele seria uma decisão contra a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). O delator afirma que foi negociada uma quantia de R$ 120 mil a R$ 150 mil com o ex-juiz eleitoral Rui Barata, para intervir junto à sua mãe, desembargadora Ligia Cunha, em processo para favorecer um instituto que disputava concorrência pública.
