Delação de Tiago Cedraz preocupa TCU e pode chegar na Bahia
Tiago Cedraz recebeu propina para influenciar decisões do TCU

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A delação do filho do ministro baiano, Aroldo Cedraz, o advogado Tiago Cedraz, tem preocupado Ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) e deve desembarcar na Bahia, garantiram fontes do Farol da Bahia, nesta sexta-feira (23).
Pai e filho foram delatados por Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Tiago Cedraz recebeu propina para influenciar decisões do TCU nos processos que apuravam a regularidade da licitação e a execução das obras em Angra 3. Tiago teria obtido uma mesada mensal de R$ 50 mil entre junho de 2012 e setembro de 2014, mais um pagamento extra de R$ 100 mil. Parte dos valores pagos pela construtora UTC teria sido repassada para Aroldo Cedraz.
No último dia 13, o relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, votou para afastar do cargo o ministro e torná-lo réu por tráfico de influência.
Esta é a primeira vez que o Supremo, ao analisar se abre ou não uma ação penal no âmbito da Lava-Jato, decide sobre o afastamento de um ministro de suas funções. Apesar do voto do relator, para que Aroldo saia do cargo, ainda são necessários os votos dos ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cármen Lúcia. O julgamento está suspenso na Segunda Turma e só deve ser retomado na sessão do dia 27.
Ex-deputado baiano teria indicado Aroldo para o TCU
O ex-deputado baiano federal Sérgio Raimundo Tourinho Dantas é investigado pela Polícia Federal por conta da ligação com o ministro. Em perícia realizada nas agendas e cadernetas de Tourinho, foram encontradas citações que envolvem o ministro do TCU.
Nas agendas registros que indicam que a parceria de Sérgio Dantas com a família Cedraz transcendeu a sociedade com Tiago Cedraz. Em uma das anotações, ele diz ter atuado para tornar Aroldo Cedraz ministro do Tribunal de Contas da União. “Pinna e eu fomos os motores estratégicos da vitória de seu pai”, escreveu Dantas como se estivesse falando diretamente com Tiago Cedraz. “Seu pai no TCU foi uma ideia sua que achei ótima quando ninguém aqui achava, nem seu pai”, acrescentou.
A PF considerou que as anotações eram tópicos que seriam abordados em reuniões com Tiago. Existem ainda indícios que Dantas teria contribuído para que Aroldo saldasse dívidas de campanhas eleitorais: “Ajudei campanhas do seu pai a quitar dívidas com clientes de Zuleido e CCR”.
O Farol da Bahia entrou em contato com o ex-deputado federal. Sérgio Dantas, no entanto, afirmou não ter nenhuma informação a respeito da delação de Tiago Cedraz. “Não estou preocupado, não sei de nada, não tenho nada com isso”, desconversou.