Dia Mundial de Luta contra a Aids: quase 500 mortes foram registradas na Bahia em 2022
Número é referente ao período de janeiro a novembro; em 2021, o total de óbitos foi 685

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Hoje é Dia Mundial de Luta contra a Aids, uma síndrome da Imunodeficiência Adquirida que ocorre em estágios agravados do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), e sua principal forma de transmissão acontece através das relações sexuais desprotegidas, mas também pode ocorrer durante a gravidez, parto ou amamentação, transfusão sanguínea ou por materiais perfurocortantes contaminados.
Números informados ao Farol da Bahia pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), apontaram que dados referentes ao ano de 2022 ainda não preliminares, porém expressivos, já que 1.818 casos de HIV, 793 de Aids e 493 mortes por Aids já foram notificadas entre janeiro e novembro deste ano. Contudo, não há detalhamento por idade ou cor.
Em todo o ano de 2021, foram registrados 2.424 casos de HIV e 1.047 casos de Aids em adultos, que representam taxas de detecção equivalentes a 16,2 e 7,0 por 100 mil habitantes, respectivamente. Ao analisar os casos em menores de cinco anos, foram registradas oito crianças com Aids. Já o total de gestantes diagnosticadas com HIV foi de 442 casos, o que representa uma taxa de detecção igual a 2,4 casos por 1.000 nascidos vivos. Em relação ao número de óbitos, no período de 2021 foram notificadas 685 mortes por pela doença.
Segundo a coordenadora do Programa Estadual de DST\Aids da Sesab, Eleuzina Falcão, um paciente que descobriu ser soropositivo e que procura o tratamento e é acompanhado por profissionais, pode ter qualidade de vida e viver normalmente como qualquer outra pessoa.
"A partir do momento que você faz o diagnóstico, é importante iniciar o tratamento e através dos antivirais disponibilizados pelo SUS [Sistema Único de Saúde], e que possuem alta eficácia. É fundamental que o paciente mantenha uma carga baixa para não desenvolver a Aids. É bom ressaltar que ainda não existe cura para essa doença, mas o tratamento com os antivirais permite melhor qualidade de vida e aumenta a longevidade das pessoas que vivem com o vírus", explicou.
Mesmo diante de tantas informações e com a disponibilidade da internet para tirar dúvidas, a Aids ainda segue sendo uma DST carregada de preconceitos, o que afeta as ações de prevenção. Segundo Eleuzina, a nova geração não tem a mesma preocupação com a doença como quem viveu os anos 80 e 90, e por isso não buscam realizar testes ou informações sobre a doença.
"Temos uma geração que não conheceu aquela versão inicial da doença, onde havia todo aquele comprometimento do sistema imunológico e sem perspectiva de vida. Eu acho que esse é um fator que fez com que as buscas pela prevenção registrassem queda. Mas nós temos trabalhado muito nesse sentido, para atingir esse público e diminuir o tabu. Temos o dia 1º de dezembro celebrando o dia mundial, mas durante todo o mês temos uma agenda voltada para dar visibilidade aos assuntos relacionados ao HIV e Aids.
Tratamento pelo SUS
O tratamento das "pessoas vivendo com HIV" (PVHIV) pode ser realizado através do SUS sem burocracias e sem maiores dificuldades. Os exames necessários e os medicamentos (antirretrovirais) completamente garantidos de forma regular. Neste sentido, é importante esclarecer que aqueles que realizam o acompanhamento com médicos particulares ou conveniados também têm o direito a exames e medicamentos garantidos pelo SUS.
"Todos os procedimentos são assegurados pelo Sistema Único de Saúde. O paciente com suspeita deve procurar uma unidade de saúde porque todos os municípios do estado da Bahia realizam o teste rápido. O teste para HIV é definidor de diagnóstico desde que sejam realizados dois testes. Quando o resultado é positivo, esse paciente é encaminhado para uma unidade de referência, onde passará por uma consulta, um acompanhamento médico para dar início ao tratamento com as dosagens. Todas as etapas são custeadas pelo SUS", garantiu a coordenadora do Programa Estadual de DST\Aids da Sesab.
Perfil dos pacientes
Eleuzina também informou à reportagem que a doença tem um comportamento diferente em cada pessoa. Segundo dados passados por ela, 73,3% dos casos são diagnosticados em pessoas do sexo masculino. Quando a análise é feita no quesito raça/cor, 50,4% são pessoas que se autodeclaram parda e 27% de pessoas que se autodeclaram pretas, ou seja, 77% dos casos são de pessoas dentro desta classificação.
Sobre a faixa etária, existe uma maior concentração de diagnóstico da doença entre jovens de 20 a 39 anos. No entanto, dados referentes ao ano passado apontam para um crescimento na faixa etária de 20 a 29 anos. "Mostrou que a infecção está passando por um processo que chamamos de juvenilização. Então cada vez mais cedo as pessoas estão tendo o diagnóstico", disse.
"Esses recortes vão nos permitir um melhor direcionamento das ações porque vamos saber quais as faixas etárias que precisam ser mais trabalhadas, quais as prioridades", acrescentou.
Transmissão do vírus
A transmissão do HIV ocorre por meio do contato com sangue, sêmen, secreção vaginal ou leite materno da pessoa doente. Ou seja, é importante frisar que suor, lágrima, beijo no rosto ou na boca e uso comum de sabonete, toalha, copos ou talheres, entre outros, não transmitem a doença.
"Essa é uma doença transmitida por outros meios, sendo a principal através das relações sexuais desprotegidas. Nós temos uma série de recomendações, a exemplo da utilização da camisinha, que é extremamente importante, tanto a masculina quanto a feminina", pontuou Eleuzina.
Formas de transmissão:
- Sexo vaginal sem camisinha;
- Sexo anal sem camisinha;
- Sexo oral sem camisinha;
- Uso de seringa por mais de uma pessoa;
- Transfusão de sangue contaminado;
- Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
- Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.
Não transmite:
- Sexo desde que se use corretamente a camisinha;
- Masturbação a dois;
- Beijo no rosto ou na boca;
- Suor e lágrima;
- Picada de inseto;
- Aperto de mão ou abraço;
- Sabonete/toalha/lençóis;
- Talheres/copos;
- Assento de ônibus;
- Piscina;
- Banheiro;
- Doação de sangue;
- Pelo ar.