Documentos internos do Facebook mostram papel do emoji de raiva no impulsionamento de conteúdo tóxico
Emojis tendiam a manter os usuários mais engajado

Foto: Getty Images
Documentos revelados pelo Facebook mostram o papel da reação "grr", o famoso emoji de raiva, no impulsionamento de conteúdo tóxico. Há mais de quatro anos, a rede social liberou para os usuários cinco novas maneiras de reagir a uma postagem no feed de notícias: "amei", "haha", "uau", "triste" e "grr". Nos bastidores, o Facebook programou o algoritmo que decide o que as pessoas veem para usar as reações com emojis de reação como indicações para empurrar mais conteúdo comovente e provocador.
Desde 2017, o algoritmo de classificação do Facebook trata as reações com emojis como cinco vezes mais relevantes do que "curtidas", revelam os documentos internos. A teoria da rede social é: postagens que provocavam muitas reações com emojis tendem a manter os usuários mais engajados e fazer isso, consequentemente, gera lucro para o Facebook.
Os próprios pesquisadores da rede social foram rápidos em suspeitar de uma falha grave. Favorecer postagens "polêmicas", inclusive aquelas que irritam os usuários, poderia abrir "a porta para mais abuso de spam e material caça-cliques involuntariamente", escreveu um funcionário cujo a identidade não foi revelada. Os cientistas de dados da empresa confirmaram, em 2019, que as postagens que provocavam uma reação com o emoji de raiva tinham uma probabilidade desproporcional de conter informações falsas, toxicidade e informações duvidosas.
Isso significa que, durante três anos, o Facebook amplificou sistematicamente a pior parte de sua plataforma, dando-lhe destaque nos feeds dos usuários e espalhando isso para um público muito maior. Os documentos mostram, ainda, funcionários das equipes de "integridade" do Facebook chamando a atenção para os custos humanos de elementos específicos do sistema de classificação.
Os funcionários avaliaram e debateram a importância da raiva na sociedade: a raiva é uma "emoção humana básica", escreveu um funcionário, enquanto outro apontou que as postagens que causavam raiva talvez fossem essenciais para protestar contra os regimes corruptos. O peso da reação de raiva é apenas um dos muitos mecanismos que os engenheiros do Facebook usam para determinar o fluxo de informações e conversas na maior rede social do mundo e que comprovadamente influencia tudo, desde as emoções dos usuários até campanhas políticas e atrocidades.