Economistas alertam que dolarização na Argentina pode levar à recessão

Economistas veem a formação de uma reserva de dólares e o ajuste fiscal como fundamentais para o êxito do Plano

[Economistas alertam que dolarização na Argentina pode levar à recessão]

FOTO: Reprodução/Twitter

O ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Troster, expressou preocupações significativas em relação à proposta do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, de dolarizar a economia do país. Troster afirmou que, se implementada sem garantir a reserva necessária de dólares, essa medida poderia resultar em uma recessão para a nação sul-americana.

"Não há condições técnicas para fazer isso agora. Mesmo que todos os argentinos quisessem, ele não conseguiria. Teria que trocar pesos por dólares. Pode ter alguma boa vontade do FMI, os mercados abriram otimistas hoje, mas não há valor suficiente. É um passo maior do que a perna", alertou Troster em entrevista à CNN. 

O ex-diretor do Banco Central brasileiro, Luiz Fernando Figueiredo, também entrevistado pela CNN, destacou a inviabilidade da dolarização nas atuais condições argentinas, indicando a possibilidade de uma crise de liquidez. "Não tem como fazer. Precisa ter a quantidade necessária de dólares, senão você enxuga demais a base monetária", afirmou Figueiredo.

Roberto Troster elaborou uma lista de dez barreiras que Javier Milei teria que superar para concretizar seu plano, incluindo o combate ao déficit fiscal e a inserção externa da economia argentina.

Os economistas ressaltam a importância do equilíbrio fiscal para o sucesso do plano de dolarização. Sem a capacidade de emitir moeda, o governo argentino precisaria gerar superávit primário para manter sua saúde econômica.

No plano de governo de Milei, está prevista a redução de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) nos gastos governamentais, um movimento que, segundo os especialistas, pode encontrar resistência e ser politicamente inviável.

Paralelamente aos cortes de gastos, Milei planeja reduzir impostos, realizar a abertura comercial do país e, por fim, "eliminar o Banco Central". No entanto, Figueiredo questiona a viabilidade deste último ponto, destacando as funções essenciais do Banco Central, como o ordenamento do sistema financeiro como um todo, além da emissão de moeda. O caminho para a dolarização na Argentina parece complexo e repleto de desafios, segundo as análises dos especialistas.


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