Em dez anos, morte materna por hipertensão aumenta 5% entre mulheres pretas
Índice caiu entre mulheres indígenas, brancas e pardas
O Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra, lançado pelos ministérios da Saúde e da Igualdade Racial nesta semana, mostra que o número de mortes de gestantes por hipertensão caiu entre mulheres indígenas (quase 30%), brancas (6%) e pardas (1,6%), mas aumentou 5% entre mulheres pretas brasileiras entre 2010 e 2020.
Segundo o levantamento, os dados evidenciam o impacto do racismo como um dos determinantes sociais de saúde e destacam a vulnerabilidade da população negra no acesso às políticas de saúde já existentes. Isso se reflete nas causas de morte que afetam de forma desproporcional pessoas pretas e pardas, como a Covid-19.
Em 2020, a doença causada pelo novo coronavírus se tornou uma das principais causas de morte materna no país. Das 1.965 mortes registradas naquele ano, 22% (430) foram atribuídas à Covid-19. Dentre essas mortes, 63,4% (273) afetaram mulheres pretas e pardas.
Já no âmbito do acompanhamento pré-natal, houve um crescimento geral na proporção de mães que relataram realizar sete ou mais consultas, subindo de 60,6% em 2010 para 66,5% em 2015, e mais de 71% em 2020. O maior aumento foi registrado em mães pretas e pardas, apresentando um incremento de 22,6% e 19,5%, respectivamente, em 2010 e 2020.
Entretanto, as mulheres que se declaram brancas seguem com maior acesso proporcional ao pré-natal: 80,9% delas tiveram acesso a sete ou mais consultas durante a gestação, seguidas pelas amarelas (74,3%), pretas (68,7%), pardas (66,2%) e indígenas (39,4%). Além de abordar a mortalidade materno-infantil, o primeiro volume do boletim também explora temas como a doença falciforme.
Doença falciforme
A doença falciforme é uma das patologias genéticas mais comuns em todo o mundo e afeta principalmente a população preta e parda. No Brasil, estima-se que há entre 60 mil e 100 mil pessoas com a doença, sendo a Bahia a Unidade Federada de maior incidência (9,46 casos a cada 100 mil habitantes), seguida por São Paulo (6,52 casos a cada 100 mil habitantes) e Piauí (6,23 casos a cada 100 mil habitantes).
De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), entre os anos de 2014 e 2020, a mortalidade por doença falciforme foi de 0,22 a cada 100 mil habitantes. Quando se trata de faixa etária, pessoas entre 20 e 29 anos correspondem ao maior percentual de mortes pela patologia no País.
O diagnóstico da doença falciforme é feito, principalmente, pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), conhecido como “teste do pezinho”. No Brasil, entre os anos de 2014 e 2020 a cobertura média do programa foi de 82,37%. A incidência da patologia no período foi de um caso a cada 2,5 mil nascidos vivos.