Empresários deixam de faturar com festas juninas devido à pandemia
A não realização das festas afeta a economia e geração de empregos nas cidades

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As tradicionais festas de largo e particulares, que são realizadas durante o São João e São Pedro, em cidades do interior da Bahia, não vão acontecer neste ano, devido à pandemia de coronavírus, que motivou o governo do estado a suspender por meio de decreto, a realização de qualquer tipo de festa até o dia 31 de julho de 2020.
As festas juninas são importantes impulsionadoras da economia de cada cidade e a não realização impacta diretamente na geração de emprego e renda dos municípios, pois pois deixou de mobilizar o comércio formal e informal, como bares e restaurantes, vendedores de licor, comidas típicas, fogos de artifícios, e até mesmo para os moradores locais que alugam seus imóveis durante o período dos festejos.
Segundo Raul Dourado, organizador do Ticomia, em Ibicuí, a festa que tem 33 anos, arrecada cerca de R$ 500 mil por ano. E emprega em torno de duas mil pessoas direta ou indiretamente.
“Essa situação nos deixou muito sentidos. Pois é um período que movimenta a economia da cidade em todos os segmentos. Afetou muitas empresas e pessoas”, disse.
O empresário explicou que quando saiu o decreto que suspendeu a festa na cidade, ainda não tinha contratado bandas e fornecedores. “Estávamos começando a finalizar os contratos para a partir daí fazer os pagamentos. Também não tínhamos aberto as vendas dos ingressos ainda”, frisou.
Lázaro Pereira dos Santos, organizador do Forró do Bosque, tradicional festa junina de Cruz das Almas, afirmou que as perdas sentimentais foram maiores que as financeiras. “Estamos muito tristes com a não realização da festa este ano. São muitas pessoas afetadas com isso. Além de não termos a alegria e o colorido que a festa traz para a cidade”, disse.
Este ano, a festa completaria 18 anos de edição. Por ano, o Forró do Bosque tem um faturamento anual de cerca de R$ 2 milhões. “Com a não realização da festa, tivemos um prejuízo estimado em R$ 66 mil, com divulgação, contrato de bandas, produção, staff, entre outros”, afirmou Lázaro.
A festa gera em torno de 640 empregos diretos e cerca de 1.100 indiretos. Já tinham sido vendidos pelo menos 2.060 ingressos.
“O ingresso adquirido este ano vai valer para o ano que vem. Começamos a vender a festa a partir de janeiro, não poderíamos prever esta situação atípica. Facilitamos o pagamento através de carnê, dividimos a festa em seis vezes”, explicou o empresário.
Bate e Volta
A situação impacta também para as empresas de transportes que oferecem anualmente o serviço de bate e volta. Geralmente existe uma parceria entre as produtoras das festas e essas empresas.
O proprietário da Bate e Volta Axé Bahia, Francisco Venet, que atua no ramo desde 1992, informou que no São João e São Pedro, a empresa fatura em torno de R$50 mil. “Com a pandemia deixamos de ganhar este valor líquido. Um grande prejuízo para nós”, disse.
A empresa realiza o serviço para as principais cidades do interior como Cruz das Almas, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Senhor do Bonfim e Catu.
O diretor da Associação dos transportadores de turismo do Estado da Bahia (ASTTEBA), Celso Faria, estima que as empresas devem deixar de faturar só nas festas juninas aproximadamente R$ 1,2 milhão este ano.


