Endometriose: como a doença atinge adolescentes?

Segundo pesquisa realizada pela SBE com apoio da Bayer, 53% das mulheres desconhecem o distúrbio

[Endometriose: como a doença atinge adolescentes?]

FOTO: Getty Images

A endometriose acomete mais de 6 milhões de mulheres no Brasil, mas ainda pouco conhecida pela grande maioria. De acordo com uma pesquisa feita em 2014 nas principais capitais do País (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador) pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) com apoio da Bayer, 53% delas desconhecem o distúrbio.

A doença atinge de 10% a 15% do sexo feminino em idade fértil no mundo, conforme estatísticas da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, e consiste em um endométrio (camada de células que reveste a parte interna do útero) fora da cavidade abdominal. Ela ainda não tem uma causa definida pela medicina, mas deve ser tratada imediatamente, para que não se eleve e cause infertilidade.

Na maioria das condições, a endometriose atinge adolescentes com idades a partir de 13 anos, devido ao início do período fértil “É nesta fase que os hormônios interferem no endométrio, tanto nos organismos saudáveis, provocando a menstruação, como em pacientes com a doença, provocando o aumento das lesões existente e o surgimento de outras”, afirma o diretor-médico do Centro de Endometriose da Bahia, Marcos Travessa.

Dr. Travessa destaca ainda que há casos em que a paciente não relata sentir os sintomas, o que dificulta o diagnóstico. “A enfermidade demanda a realização de exames específicos, com foco na pesquisa da patologia, e, para isso, é necessário que o ginecologista tenha conhecimento adequado e suspeite da sua existência”.

A administradora Nina Rodriguez, de 29 anos, conta que demorou para descobrir o motivo dos sintomas, “Eu tinha 13 anos e já sentia dores abdominais, só que achava normal, até que um dia, tive fortes dores que me impediram de levantar da cama. Falei com minha mãe e fomos ao ginecologista. O médico disse que era apenas cólica e passou um remedinho”, diz ela.

“Porém, com tempo, comecei a perceber que, para andar e comer, o corpo todo doía... Consultei, três anos depois outro ginecologista e ele passou um exame chamado laparoscopia, mas recusei fazer por achar invasivo. Para realizar outros exames, precisei fazer uso do anticoncepcional, para suspender o fluxo menstrual, e depois, como forma de tratamento, baseado em hormônio”, completa.

É muito comum que casos como este aconteçam com frequência porque, na adolescência, as manifestações de endometriose, como cólicas menstruais, são consideradas algo normal. O diretor-médico do Centro de Endometriose da Bahia alerta para os principais sintomas: cólicas menstruais intensas, dores pélvicas fora do período menstrual, dores durante relações sexuais, dor ao urinar e defecar no período menstrual e dificuldade de engravidar.

O tratamento da paciente deve ser feito de acordo com os prognósticos, idade e estágio da doença. Existem formas de tratamentos hormonais (anticoncepcional), com implantação de dispositivos (DIU), por meio de cirurgia (videolaparoscopia, laparoscopia) e com uso de medicamentos. O apoio psicológico também é necessário para que se tenha um processo terapêutico tranquilo.

O psicólogo do Centro de Assistência Psicossocial (CAPS) de Lauro de Freitas, Heverton Xavier diz que para a psicologia começa a tratar a depressão e os transtornos de ansiedade causados pela endometriose, é necessário trocar informações com o médico da paciente para o diagnóstico e definir a melhor forma de devolver a qualidade de vida para a mulher. “A endometriose é uma patologia física e orgânica e não deixa de ser uma comorbidade, porque ela agrega a patologia psicológica”, finaliza.


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