Entenda a condição que afeta Bolsonaro e os tipos de cirurgia indicados para o caso
Peritos indicaram procedimento para controlar os soluços

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
A perícia médica realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística que analisou a situação médica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concluiu que ele tem hérnia inguinal bilateral e o melhor tratamento é cirurgia. Essa comorbidade pode causar inchaço, dor ou desconforto, especialmente ao fazer esforço, tossir ou ficar muito tempo em pé, as vezes é assintomática.
Segundo o g1, os peritos indicaram que não há indicação de emergência ou urgência em relatórios médicos. Foi analisado o quadro de soluços de Bolsonaro, umas das principais queixas de saúde do presidente, e avaliaram que o bloqueio do nervo frênico é uma medida tecnicamente adequada e deve ser feito o quanto antes.
A hérnia inguinal unilateral acontece quando uma parte do intestino encontra uma abertura ou enfraquecimento na parede abdominal da virilha e começa a se projetar para fora. O médico Ricardo Katayose, cirurgião cardiovascular da BP, explicou ao g1 que, para entender isso, é preciso imaginar como essa parede abdominal da virilha é construída.
O médico explica que o abdômen não é um espaço vazio: ele é formado por camadas sobre camadas de pele, gordura e musculatura, e uma membrana rígida chamada aponeurose, que funciona como uma espécie de "armadura" para proteger as vísceras.
Atrás dessa camada de tecido existe o peritônio, uma película fina e lubrificada que reveste a parte interna do abdômen e permite que o intestino se mova livremente, sem atrito. Isso é essencial porque o intestino está sempre em movimento para empurrar os alimentos durante a digestão, e até ações simples do dia a dia como caminhar, ajudam esse funcionamento natural.
No caso das hérnias, é exatamente isso que acontece. O intestino procura qualquer brecha e ocupa aquele espaço. Às vezes, ele entra, mas não consegue sair, esse processor é o chamado encarceramento. É como se a alça passasse por um anel apertado, então ela escapa, mas depois fica presa, incapaz de retornar à cavidade abdominal. Na hérnia inguinal, essa projeção acontece no assoalho pélvico e pode até descer em direção ao escroto.
Em casos como o de Bolsonaro onde o abdômen já foi manipulado, as aderências e fibroses tornam a região mais rígida e irregular, o que dificulta tanto a circulação normal do intestino quanto da sua acomodação dentro da cavidade, desencadeando os soluços. O sistema digestivo é um tubo contínuo qualquer prejuízo no seu decorrer pode gerar reflexos, inclusive no diafragma onde o soluço é desencadeado.


