Espaços culturais recebem exposição das Máscaras de Saubara em setembro

Mostra preserva a tradição das máscaras de papel machê no Recôncavo Baiano

Por Da Redação
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Espaços culturais recebem exposição das Máscaras de Saubara em setembro

Foto: Divulgação

A exposição “Máscaras de Papietagem”, uma mostra do trabalho de cinco artistas do Ponto de Cultura Coletivo Sambadores e Sambadeiras de Saubara, estará disponível durante o mês de setembro em dois espaços culturais da Bahia. O trabalho, que preserva a história e tradição das máscaras de papel machê no Recôncavo Baiano, poderá ser visitado no Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana, do dia 9 ao 17, e no Espaço Cultural Alagados, em Salvador, de 21 a 30 de setembro. 

Nos domingos do mês de julho, dezenas de mascarados ganham as ruas de Saubara, município a cerca de 100 quilômetros de Salvador, que vira um palco a céu aberto onde pessoas comuns se disfarçam para brincar e dançar. As máscaras costumam ter aparência fantasmagórica e, durante as brincadeiras, assustam crianças que saem a correr gritando "olhe o sol, olhe a lua olhe, o diabo na rua!". 

Os artistas Mauro Passos Chagas, Fabrício Mesquita Alves, Marcos Barbosa dos Santos, Jonas Vieira e Eduardo Xavier afirmam que todas as peças da exposição são produzidas manualmente com a utilização de barro, papelão e goma de farinha de mandioca, além  das tintas e adereços. Segundo eles, devido à tradição, a criação segue a linha: “quanto mais feia, mais bela é a máscara”.

Além de valorizar e preservar uma tradição de mais de 150 anos, a exposição também representa uma resistência frente ao uso das máscaras de borrachas produzidas pela indústria. “Sem sombras de dúvidas essa é uma das maiores expressões da herança africana em nosso território. Por isso, temos a missão de preservar frente à imersão das máscaras de borrachas que as novas gerações vêm usando no lugar das tradicionais”, disse o professor e pesquisador Agenor Santana. 

Para ele, é preciso que as novas gerações tenham uma educação patrimonial para compreenderem que essas manifestações são patrimônios imateriais de grande valor histórico, artístico e cultural. De acordo com pesquisadores, existem algumas versões sobre a origem da tradição das máscaras de papelão na região de Saubara. Uma delas é que um senhor de engenho, em 1850, resolveu dar uma festa no povoado e, para conseguir participar da celebração, um escravo se disfarçou, circulou entre os convidados e depois fugiu. Outra versão fala também sobre o Batuque de Negro, celebração feita por escravos, com a permissão dos senhores de engenhos, na qual também eram usados adereços. 

Por outro lado, a versão que explica o fato dessa manifestação ser realizada no mês de julho remete a outro período da história da Bahia e do Brasil. De acordo com o professor Ubiratan de Castro, nas batalhas contra os portugueses pela independência da Bahia, celebrada em 2 de julho, pessoas se mascaravam para lutar. Por isso, “a temporada de mascarados rememora também o triunfo saubarense sobre a tirania lusitana”, afirma o professor Agenor.

Acesso à exposição

A exposição conta com entrada gratuita e para ter acesso o público deve seguir as orientações dos protocolos de segurança sanitária para conter a disseminação da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Além disso, só podem entrar grupos de até 24 pessoas no Centro de Cultura Amélio Amorim, e de 10 pessoas no Espaço Cultural Alagados.

A mostra é uma realização conjunta da Diretoria de Cidadania Cultural (DCC) e da Diretoria de Espaços Culturais (DEC), ambas ligadas à Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura (Sudecult).  “A Exposição de Máscaras vem para afirmar a importância do trabalho inter diretorias para fortalecer o Desenvolvimento Territorial da Cultura Baiana, difundindo as ações dos Pontos de Cultura e fortalecendo a dinamização dos Espaços Culturais”, disse Olívia Roberta, coordenadora de Ações Transversais da DCC.


 

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