Especialistas afirmam que pandemia fará Brasil ter pior desempenho em 120 anos

A ameaça afeta o futuro dos jovens brasileiros

Por Da Redação
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Especialistas afirmam que pandemia fará Brasil ter pior desempenho em 120 anos

Foto: Reprodução

Levantamento realizado pelo pesquisador do Ibre/FGV Marcel Balassiano afirma que a década que termina este ano é a que o país estagnou e sofreu o maior recuo de renda de sua História. Diante disto, os jovens brasileiros se veem com um futuro incógnito. 

A retomada lenta após recessão profunda foi atropelada pela pandemia, selando um desastre econômico maior que o dos anos 1980 e que deixou um quarto dos jovens sem trabalho.

Especialistas preveem uma recuperação incerta sob a sombra do coronavírus, desemprego e desigualdade mais elevados e freio à mobilidade social. Um coquetel desalentador para a juventude mais preparada que o país já teve, sobretudo a mais pobre, e que atravessará a crise no auge do seu potencial.

O estudo de Marcel Balassiano aponta que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro na última década praticamente não cresceu. Deve fechar 2020 com taxa média de 0,1% a 0,3%, dependendo do buraco econômico com a Covid-19 este ano. Será o menor ritmo em 120 anos.

Os dados do levantamento revelam que a década de 1990, a pior até agora, a expansão média fora de 1,6%. A renda per capita, que é o PIB dividido pela população, deve, na melhor das hipóteses, repetir o recuo anual médio de 0,6% dos anos 1980.

“É a mais perdida das décadas. Parte do desastre foi culpa nossa, outra, da pandemia. O Brasil ficará mais pobre depois de já ter empobrecido muito. Sairemos com mais cicatrizes que os países desenvolvidos”, prevê Ricardo Denadai, economista-chefe da Ace Capital.

Educação como defesa

De acordo com Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco e um dos criadores do Bolsa Família, a geração mais jovem viverá num mundo mais precário e inseguro, sobretudo os mais pobres. 

“Passada a pandemia, essa juventude viverá um cenário grave de defasagem educacional, de inserção futura no mercado de trabalho. Parte grande desses jovens estará com expectativa máxima de trabalho informal. Uma geração de jovens que entraram com defasagem histórica na pandemia. É uma enorme perversidade”, disse.

Marcelo Neri, diretor da FGV Social, lembrou que os mais desfavorecidos ainda não se recuperaram da recessão. Enquanto a renda da população caiu 2% de 2014 a 2018, os 5% mais pobres perderam 39%. Por isso, a desigualdade cresceu por 18 trimestres seguidos, sequência inédita.

Os mais jovens foram especialmente afetados. A taxa de desemprego até 24 anos subiu de 16,4%, em 2012, para 28,7% em 2017, auge da recessão. No fim de 2018, estava em 23,8%, contra média de 11%.

Neri prevê mais desigualdade, queda de renda e freio à ascensão social dos jovens. “A crise chega quando o país já estava com o organismo social debilitado. Poderemos voltar aos índices de pobreza dos anos 1990”, disse. 

Segundo Neri, em 1992, 40% da população estavam na pobreza. Essa taxa caiu para 12,1% em 2018.

“A situação deixa a gente pessimista. Mas, para quem vem de classe social mais baixa, o estudo é uma oportunidade de mudar de vida”, frisou. 

O especialista em mobilidade social, Carlos Ribeiro, pesquisador do Iesp-Uerj, diz que uma das defesas da nova geração é a educação. Segundo ele, mesmo com a crise, os jovens de hoje dificilmente ficarão numa situação pior que a dos seus pais.

“A educação aumentou, temos mais gente na universidade, o que ajuda na mobilidade intergeracional. Sabemos da importância da educação das mães para o futuro dos filhos. Elas são mais escolarizadas, isso não vai mudar”, afirmou. 


 

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