Esquema de imunização pode ser mais complicado do que o desenvolvimento da vacina
Será a primeira vez na história do Brasil que as doses precisarão chegar a toda população
Foto: Getty images
Está cada vez mais próximo do Brasil ter uma vacina eficaz contra o coranavírus, já que os últimos testes indicam resultados positivos contra a doença. A única preocupação é saber se toda a população vai ser beneficiada com imunizante.
Segundo o diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José Davi Urbaez, a logística para distribuição é o maior desafio. "O desafio da logística é maior do que o do próprio desenvolvimento da vacina. No Brasil, temos que imunizar 210 milhões de pessoas. Isso nunca foi feito em lugar nenhum no mundo, nunca tivemos que cobrir uma população inteira. Isso envolve questões muito complexas”.
Segundo Urbaez, antes de começar a pensar em vacinar as pessoas, é necessário saber e estabelecer quem serão as prioridades nos cinco mil, quinhentos e setenta municípios do país.
Também é importante estabelecer a quantidade de profissionais de saúde que serão necessários para aplicar as doses, quantas horas de trabalho esse processo levará, como está estruturada a rede de refrigeradores para manter a vacina na temperatura certa, se há espaço para o armazenamento das doses que serão enviadas, como será o transporte para todos os cantos do país e em que época isso vai acontecer.
Por exemplo, uma das vacinas que o Brasil estuda comprar é o imunizante da Pfizer que precisa estar a -70 graus célsius. Segundo o infectologista, não existe país no mundo que possua refrigeradores com essa potência para armazenar vacinas. “Por isso, a empresa está desenvolvendo uma maleta com gelo seco para fazer o transporte. Mas, depois que abrir, tem que aplicar em cinco dias. Há ainda a possibilidade de as doses serem mais eficientes no primeiro dia. Há obstáculos vários a serem contornados”.
Já o Ministério da Saúde afirma que a vacinação contra a Covid-19 seguirá os trâmites do que já é praticado nas campanhas de vacinação do SUS. “O sistema já está preparado para isso, com toda a expertise conquistada ao longo dos 47 anos do PNI. O Ministério da Saúde enviará as doses aos estados que farão a logística de distribuição em seus municípios. A distribuição será absorvida pela rede de frio nacional, no formato de campanha, conforme realizado tradicionalmente”.
Ainda segundo o órgão, a definição da população-alvo, a estratégia de vacinação, a operacionalização, o controle dos fármacos e a comunicação sobre a campanha de imunização já estão sendo desenvolvidos.
