Estudo descobre quatro fatores relacionados à Covid-19 longa
Cientistas sugerem que exames clínicos são capazes de diagnosticar maior risco de sequelas persistentes

Foto: Pixabay
Os cientistas do ISB Science Transforming Health, organização de pesquisas biomédicas sem fins lucrativos sediada em Seattle, nos Estados Unidos, descobriram fatores que contribuem para o desenvolvimento da Covid longa.
A Covid longa ocorrem em pessoas que, após se infectarem com o coronavírus, apresentam efeitos crônicos conhecidos como sequelas pós-agudas de Covid-19 (Pasc). Diante disso, os pesquisadores descobriram quatro fatores que aumentam os riscos de desenvolver esse quadro:
• pacientes com carga viral alta no começo da infecção;
• pessoas com doenças autoimunes que têm muitos autoanticorpos e, com isso, a produção de proteção contra o Sars-CoV-2 é diminuída;
• indivíduos com diabetes tipo 2;
• reativação do vírus EBV (Epstein-Barr) durante a Covid-19; conhecido como "vírus do beijo", ele infecta a maioria das pessoas na juventude e depois tende a ficar inativo.
Esses sintomas podem ser diagnosticados no começo da infecção por Covid-19, facilitando a prevenção e o tratamento. Vale ressaltar que os cientistas também descobriram que a Covid longa ocorre independentemente de o paciente ter desenvolvido a forma grave ou leve da doença.
“Esta pesquisa enfatiza a importância de fazer medições no início da doença para descobrir como tratar os pacientes. Uma vez que você pode medir algo, então pode começar a fazer algo sobre isso", disse Jim Heath, o investigador principal do estudo e presidente do IBS, ao jornal The New York Times.
“A Covid longa está causando morbidade significativa nos sobreviventes, mas a patologia é pouco compreendida. Nosso estudo combina dados clínicos e resultados relatados pelos pacientes com análises para desvendar associações biológicas que ocorrem em pacientes com Pasc. Certos achados têm potencial para se traduzir rapidamente na clínica e formam uma base importante para o desenvolvimento de terapias para tratar o problema", explicou o infectologista Jason Goldman, coautor do artigo que foi publicado nesta semana na revista científica Cell.
A pesquisa contou com 209 voluntários, pacientes de clínicas médicas de Seatle, com idades entre 18 e 89 anos, infectados desde 2020 até o começo de 2021. Os voluntários eram pacientes com cerca de 20 sintomas associados à Covid longa, incluindo fadiga, confusão mental e falta de ar.
Todos os 209 pacientes tiveram amostras de sangue e swab nasal coletadas em diferentes momentos da infecção, para realizar uma fenotipagem abrangente que foi integrada a dados clínicos e sintomas relatados pelo paciente a fim de fazer uma investigação profunda.
Cerca de 37% dos pacientes relataram três ou mais sintomas da Pasc dois ou três meses após a infecção. Outros 24% informaram um ou dois sintomas e 39% não relataram sintomas. Após análise das amostras, 95% dos pacientes que relataram três ou mais sintomas tinham um ou mais dos quatro fatores biológicos identificados no estudo quando foram diagnosticados com Covid-19.
As descobertas ainda estão em fase de pesquisa, mas o estudo já pode indicar uma maneira de prevenção e tratamento da Covid-19 longa, analisam os cientistas.


