Estudo encontra mais de 20 substâncias tóxicas em papinhas de bebê
No Brasil, não existe legislação para limitar concentração de resíduos em alimentos infantis

Foto: Reprodução/Pixabay
Um estudo conduzido por cientistas do Brasil e da Espanha identificou a presença de 21 agrotóxicos e quatro toxinas produzidas por fungos do gênero Aspergillus, que são tóxicos ao organismo humano, em 50 amostras de alimentos industrializados para bebês comercializados em supermercados no Estado de São Paulo. A informação é do jornal O Globo.
“Encontramos resíduos de pesticidas em 68% das amostras analisadas de alimentos infantis. No recorte por composição e sabor, 47% das papinhas com frutas apresentaram pelo menos um resíduo de agrotóxico, índice que foi de 85% para as comidas de bebês à base de carne e vegetais”, informou a engenheira de alimentos e autora do estudo, Rafaela Prata, pesquisadora da Universidade de Campinas (Unicamp), em comunicado.
As concentrações dos agrotóxicos identificados ficaram abaixo dos limites máximos de resíduos estabelecidos pela legislação europeia desde 2006, que foi usada como padrão no estudo. De acordo com o estudo, o limite é de 10 microgramas por quilo de alimento para diferentes agrotóxicos. No Brasil, segundo a pesquisadora, não existe uma legislação própria para limitar a concentração de resíduos de agrotóxicos em alimentos infantis
“ O que existe são monografias sobre agrotóxicos no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa], que consultamos para ver em quais cultivos o uso de determinado produto é autorizado, bem como os limites máximos em alimentos, mas nada sobre as papinhas”, diz Prata.
Ainda de acordo com a especialista, os bebês são um grupo populacional sensível e vulnerável porque ingerem mais alimentos por quilograma de peso corporal do que os adultos e seus sistemas de desintoxicação e vias metabólicas não estão totalmente desenvolvidos.