Estudo indica que quem desenvolveu forma leve da covid-19 pode estar imunizado
Descoberta reforça suspeitas sobre a impossibilidade de ser acometido pela doença mais de uma vez
Um estudo desenvolvido pelo Instituto Pasteur, na França, divulgado na plataforma on-line MedrXiv, indica que a pessoa infectada pelo novo coronavírus que desenvolveu uma forma leve da covid-19 tem chance de estar protegido da doença. Isso porque “uma grande maioria” desses pacientes desenvolve anticorpos que podem imunizá-los por pelo menos “várias semanas”.
O trabalho foi realizado com 160 profissionais da saúde de Estrasburgo, no leste do país europeu, que apresentaram sintomas leves da covid-19. Os testes sorológicos, feitos para indicar sinais de infecção, mostraram que, com exceção de apenas uma pessoa, todo o resto do grupo produziu anticorpos em duas semanas.
“Sabíamos que pessoas com formas graves da doença desenvolviam anticorpos nos primeiros 15 dias após o início dos sintomas. Agora, sabemos que isso também é verdade para formas leves, mesmo que os níveis dessas moléculas protetoras sejam mais baixos”, ressalta, em comunicado, Arnaud Fontanet, um dos autores do estudo e chefe do Departamento de Saúde Global do Instituto Pasteur.
Outro teste feito com os mesmos pacientes mostrou que a presença das moléculas de defesa se mantém por um tempo significativo: 98% deles tinham desenvolvido anticorpos neutralizantes 41 dias depois de apresentarem os primeiros sinais da enfermidade e também 28 dias após curados.
“Nosso estudo mostra que os níveis de anticorpos são, na maioria dos casos, compatíveis com uma proteção contra uma nova infecção por Sars-CoV-2 pelo menos até 40 dias após os primeiros sintomas”, afirma, também em comunicado, Olivier Schwartz, responsável da Unidade de Vírus e Imunidade do Instituto Pasteur, e também autor do estudo.
Os pesquisadores franceses darão prosseguimento ao estudo para confirma se infectados pelo novo coronavírus adquirem uma proteção natural à doença, o que faria com que eles não fossem novamente acometidos pela covid-19. Os planos são focar na duração da proteção observada nos primeiros experimentos.
“O objetivo, agora, é avaliar a persistência da resposta dos anticorpos a longo prazo e sua capacidade de neutralizar o vírus”, conta Olivier Schwartz.
Mesmo sem repostas nesse sentido, a equipe defende a realização de testes sorológicos em pacientes que tiveram versões leve da covid-19 e se recuperaram. “Eles podem contribuir para esse acompanhamento, ajudando a desvendar o tempo de persistência desses anticorpos protetores no organismo”, justificam os autores do artigo.