Estudos mostram como a lua cheia pode afetar a qualidade do sono e o ciclo menstrual
Pesquisas foram realizadas nos Estados Unidos, Argentina e Alemanha

Foto: Reprodução/Freepik
A Lua cheia sempre foi associada a vários mito, como por exemplo, sua influencia no crescimento dos cabelos e uma possível alteração do funcionamento do corpo e da mente. Buscando esclarecer as verdades por trás de crenças como essas, estudos publicados nessa quarta-feira (27), na revista Science Advances, abordaram duas teorias muito presentes no imaginário popular. Uma delas é a de que a Lua cheia influencia o sono, algo que no passado foi associado à luz mais brilhante dessa fase, atrapalhando as pessoas a dormir. A outra é a controversa relação dela com os ciclos menstruais, surgida das crenças de civilizações antigas.
A Lua e o sono
A pesquisa que demonstrou como os ciclos do sono parecem mudar conforme a fase lunar foi feita por cientistas de universidades nos Estados Unidos e na Argentina. Usando dispositivos de pulso para monitorar o sono, eles acompanharam 464 estudantes de Seattle, nos Estados Unidos, e 98 integrantes de três comunidades indígenas argentinas. Comparando os dados destes grupos, eles chegaram à conclusão que as pessoas tendem a deitar mais tarde e a dormir menos nas noites anteriores à Lua cheia.
Embora o efeito seja maior nas comunidades sem eletricidade, ele também está presente nas áreas urbanas, de acordo com o estudo. Os cientistas relataram ainda que nas noites que antecedem a Lua cheia havia mais luz no céu noturno após o crepúsculo, com a Lua crescente ficando mais brilhante.
Ciclo menstrual
Sobre o artigo que revelou a possibilidade de existir uma conexão entre os ciclos lunar e menstrual, mesmo que mínima, ele foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Würzburg, na Alemanha, que levantaram a hipótese de o comportamento reprodutivo humano ter sido sincronizado com a Lua no passado, mas mudado com a modernidade e a maior exposição à luz artificial noturna. A pesquisa consistiu na análise comparativa dos registros do ciclo menstrual de longo prazo de 22 mulheres, mantidos por até 32 anos, com dados do início dos ciclos menstruais abrangendo uma média de 15 anos, registrados por mulheres com idade superior e inferior a 35 anos.
O resultado mostrou que as mulheres com ciclo menstrual durando mais de 27 dias estavam “sincronizadas intermitentemente com ciclos que afetam a intensidade do luar”, principalmente no período do inverno, quando elas experimentavam uma exposição mais prolongada ao luar. No entanto, essa sincronia era perdida com o avançar da idade e a exposição à luz noturna artificial. A análise apontou ainda que os ciclos menstruais se alinhavam com o mês tropical (período de aproximadamente 27 dias gastos pela Lua para passar duas vezes no mesmo ponto de equinócio) em 13,1% do tempo nas mulheres com mais de 35 anos, sugerindo que a menstruação também pode ser afetada por mudanças nas forças gravimétricas do satélite natural.